quarta-feira, 7 de outubro de 2009

VIDA ARBRITÁRIA (PARTE II)


Como eu havia dito, uma lei arbritária resulta em uma (ou mais) leis do mesmo “naipe”. Pois bem, por mais absurda que tenha sido, essa emenda foi instituída: palavrões não poderiam mais ser ditos. É isso mesmo, meu caro, aquela interjeição (um tanto mal-educada) que costumávamos “soltar” em momentos de raiva estava terminantemente proibida. Quando eu soube de sua instituição, reagi com um displicente “Puta que o pariu!”... e isso me valeu uma semana em reclusão (só não fui sumariamente dispensado do jornal do qual era estagiário porque boa parte da equipe, inclusive o editor chefe, também foi jogada no xadrez. Agora imaginem a seguinte cena: jovens de 15 anos, até mesmo crianças de 8, 9 anos sendo jogadas em camburões (não conseguiu? Pois bem, por incrível que pareça, isso aconteceu).


Após a minha semana de “retiro social” (preferi encarar dessa maneira, enquanto lia “Memórias do cárcere” - nada mais propício, não é mesmo?), voltei para a redação (por um milagre, efetivado), e me deparei com algo que somente havia visto em livros de História e em filmes nos quais regimes militares (especialmente na Vespúcia Latina): um censor em meu local de trabalho. No início, Zeca, nosso “gate keeper” do governo, somente fazia “presença” (ele havia se tornado amigo de todos do setor; logo, os impactos sentidos por todos nós foram sensíveis); contudo, pouco mais de um ano depois, Zeca foi trocado pelo Arthur (esse era “linha-dura”, tal qual um “xará” dele dos tempos da Ditadura militar)... O cara implicava até com notinha sobre música. Como num jogo de “ação e reação”, a população (ou melhor, a parcela que não assistia aos seriados-“placebo”) começou a manifestar-se contra as imposições do governo. Não é preciso dizer que as contra-respostas do braço armado do regime costumavam ser violentas (ao ponto de Maneco, ancião do jornal, dizer que “já havia visto aquilo antes”).


Numa espécie de câncer em desenvolvimento intenso e desenfreado, a arbritariedade do governo aumentava vertiginosamente. A seguinte foi, como eu dizia na minha adolescência, “cabulosa”: livros e revistas sobre Política, Filosofia, literatura marginal e afins pararam de ser comercializados (não preciso dizer que as editorias relacionadas a esses assuntos foram drasticamente reformuladas no jornal em que trabalhava – em outros, foram extintas mesmo)... e o mesmo valeu, posteriormente, para o cinema e para a música (para conseguir um filme do Michael Moore ou algum CD do Los Hermanos, por exemplo, somente no “mercado negro”... e torcendo para que não houvesse nenhum integrante do governo inflitrado no meio). De repente, me vi tal qual um subversivo incorrigível, para (in)felicidade dos meus pais (a minha família era do interior de São Judas, estado vizinho a São Tomé do Vale, e eles não se conformavam em ter um membro da família no “olho do furacão”).


Pois bem, se os nossos digníssimos líderes queriam formar uma sociedade (ainda mais) alienada, o objetivo estava sendo atingido “na mosca”... e, dizia o senso comum na época em que eu era “livre” e não sabia, futebol, religião e política não poderiam ser discutidos... esse ditado clássico foi radicalmente modificado pelo regime.

sábado, 3 de outubro de 2009

VIDA ARBRITÁRIA (PARTE I)


São Tomé do Vale. Cidade (ou melhor, megalópole) conhecida por ser o coração financeiro e, também, cultural de um país chamado Brasiliópolis. Vale citar também que São Tomé do Vale é marcada pela gritante desigualdade social e, também, pela diversidade cultural (ao dobrar a esquina, literalmente, você sai de um pub "regado" a Bajofondo, The Gotan Project e a Orishas e está num botequim (ao melhor estilo "risca-faca"), no qual a trilha sonora é Calypso).

Pois bem, sou mais um habitante de São Tomé do Vale (ou mais uma gota d'água no meio da garoa, como preferir)... daqui a algumas horas, não o serei mais (vocês entenderão o porquê, após eu contar, resumidamente, o que me jogou no "olho do furacão").


Voltemos ao (não tão) longíquo ano de 2009. Eu ainda era um rapaz no auge dos meus vinte e poucos anos... estudante de Jornalismo, daqueles que "trabalham para pagar o curso " e que "sonhavam em mudar o mundo" (por uma porrada de disparidades e mazelas sociais em geral, as universidades públicas são dominadas pelos alunos oriundos das melhores escolas (privadas, é bom que se diga); logo, não precisa ser muito esperto para deduzir que os alunos vindos das escolas públicas (leiam-se "pobres") eram relegados às universidades privadas (isso quando conseguiam ingressar no mundo acadêmico... Brasiliópolis sempre foi marcada por essas contradições - que ajudam a conservar os indicadores de desigualdade social, diga-se de passagem). Para não perder muito o foco, contarei a primeira das medidas um tanto arbitrárias que desencadearam na ditadura de hoje: a lei de proibição contra o fumo em locais fechados.


Em princípio, eu havia agido indiferentemente em relação à ela (nunca fumei... basicamente, por nunca ter gostado de tabaco - e pelos conhecidos males causados pelo cigarro -, além de sempre ter questionado como as empresas tagistas conseguiam lucrar com a "desgraça" alheia); contudo, sentia-me incomodado por um pequeno (ou melhor, grande) detalhe: o livre-arbítrio passou a ser chutado para escanteio. Além disso, apesar de essa ser uma questão de relativa importância, havia problemas muito mais graves (falta de médicos em hospitais, segurança e educação, somente para citar alguns) que foram jogados para baixo do tapete. Reconheço que não gostava de sair de festas "cheirando a" nicotina, mas todos têm direito de escolha. Certo? Para os governantes de São Tomé do Vale, Joel Kassetes e João Machado, a resposta está (categoricamente) errada.


Como diria o poeta, "é aí onde está o busílis"... A partir do momento em que uma pessoa perde o direito de escolha (como diriam os pseudo-intelectuais de quinta categoria, o potencial cognitivo do indivíduo). Para endossar a campanha, personalidades, artistas e pseudo-celebridades de reallity shows participaram da campanha (a proporção atingida pelo coeficiente influência versus impacto causada pelo apelo a personalidades é notório)... A partir daí, meus caros, precedentes para decisões perigosas foram abertos... Não foram raros os casos em que pais denunciavam filhos "transgressores" às autoridades (e vice-versa); e o mesmo ocorreu entre (até então) amigos, com relativa frequência. Ah!, e isso sem contar o agravante de que uma lei arbrtitária "abre as portas" para outra(s).


(Continua)

domingo, 27 de setembro de 2009

NUNCA MAIS? (PARTE III)


Bastou Ana Maria dizer que tinha medo de viajar de avião que o mundo - e o próprio avião - viraram de ponta-cabeça. O tripulante orientou os passageiros, por meio de voz trêmula, a aperterem os cintos, por motivos óbvios; e o pânico era evidente no ar (pressurizado), tangível talvez... uns choravam (além das crianças, é claro); outros falavam frenética e desesperadamente. Não obstante, alguns não reagiam, mas estavam com o olhar distante, assustado e resignado, como se estivessem esperando pelo pior.


Eu estava atônito, torcendo para que aquilo fosse um pesadelo e para que eu acordasse logo - ofegante, seguramente... Apesar de ser algo surreal, a turbulência estava acontecendo, de fato. De repente, tal qual um déjà-vu, aquela "sensação estranha" que tive no táxi voltou à tona. Nunca tive tanto medo de não voltar a nadar - eu não o fazia há anos -; e temia, de coração, a não sentir o aroma do café expresso. Temia nunca mais admirar Maria Luíza ao amanhecer (até nos meus prováveis últimos instantes eu pensava nela, cazzo!).


Ademais, a ideia de nunca mais falar com o meu "velho", em especial, me aterrorizava. Aquilo me impôs um sentimento de culpa tão grande quanto o (seguramente) sentido por Cerezzo, ao errar o passe que resultou no gol de Paolo Rossi e, de certo modo, na eliminação do Brasil perante à Azurra em 1982... queria demais pedir perdão ao meu pai pelo meu egocentrismo juvenil. Também passou um flashback da minha vida diante (?) dos meus olhos: a minha infância no subúrbio de São Paulo (ou melhor, em Guarulhos), a minha adolescência paradoxalmente nostálgica e conturbada (acho que o meu mau-humor de hoje se deve à minha introspecção intensa de outrora); os dias - e noites - com Maria Luíza... Até imaginava as manchetes dos (tele)jornais do dia seguinte: "Queda de avião mata 100".


Ao ter consciência de que eu seria um daqueles cem, me desesperei. Eu tive a sensação de ter ouvido o Corvo de Edgard Allan Poe sussurar em meu ouvido "Nevermore" (em bom português, "Nunca mais"). Durante aqueles intermináveis minutos, eu havia me esquecido completamente da existência de Ana Maria... O desespero, contido porém visível, em sua expressão me influgiu a obrigação de tranquilizá-la... mas eu não sabia como fazê-lo (palavras reconfortantes nunca foram o meu ponto forte). Não tive muita escolha (moral); logo, comecei a dizer-lhe que tudo terminaria bem, que conseguiríamos pousar sãos e salvos em terra firme - sem convicção alguma no que eu mesmo dizia, confesso. Meio que por condescendência, Ana Maria concordou (ou fingiu?) com o que eu dissera. Confesso que estava com medo de cair no clichê do tipo: "Não importa o que aconteça, mas saiba que gostei de conversar contigo..."; contudo, para minha surpresa, ela o fizera.


Pouco depois dessa declaração inesperada e improvável por parte dela, tal qual um passe de mágica, a turbulência começou a tornar-se mais branda e, consequentemente, o voo estava se estabilizando. Parecia até que a passagem pela sucursal do "Triângulo das Bermudas" estava se encerrando (para o alívio de todos aqueles dentro do avião, foi o que ocorreu de fato). Não conseguia dizer mais nada a Ana, e ela também estava em silêncio (não sabia se queria desembarcar o quanto antes, ou se queria se ver livre de mim). Estávamos numa espécie de "agradecimento mútuo e tácito", por um estar ao lado do outro.


Finalmente, o pesadelo estava se acabando - juntamente com a pista de pouso. Estava pouco me importando com a bagagem, tampouco com o check-in no hotel... só queria estar com os pés em terra firme. Após eu e Ana Maria termos desembarcado - e a voltarmos a respirar -, vimos bombeiros, médicos, policiais e (adivinhem!) alguns repórteres no aeroporto (eu não queria ter a minha cara estampada num telejornal - e, para a minha sorte, ela também não). Após conseguirmos nos esquivarmos dos "urubus" da imprensa (atrás de "carniça"), fui ao banheiro... para, enfim, colocar toda a angústia, desespero e raiva para fora, em formato de lágrimas.


O pior havia passado... ainda bem que a "pseudo-EQM" havia acabado. Não sabia definir, ao certo, se estava aliviado por ir ao congresso para professores "fodidos" de Literatura, ou enraivecido mesmo - por causa desse evento eu quase virei um corpo somente identificável por meio de exame na arcada dentária. Como prêmio de consolo, eu teria a companhia de Ana Maria durante - e após - os debates e as palestras, por uma semana.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

NUNCA MAIS? (PARTE II)




Quanto mais falava com Ana Maria, mais interessado por ela ficava (aparentemente, sabe-se lá por qual motivo, parecia ser algo mútuo); e mais pontos em comum encontrava entre nós... e entre ela e Maria Luiza, (in)felizmente. O sorriso dela, ao mesmo tempo meigo e sedutor, lembrava muito o de minha ex; assim como o olhar, penetrante e, por algum motivo, sincero... o timbre de sua voz, semelhante ao de Vanessa Krongold, vocal do Ludov, era hipnotizante; e a maneira de gesticular enquanto conversava comigo era de um grau de graciosidade tão elevado quanto o de uma integrante de uma equipe de nado sincronizado. Eu estava me sentindo atraído por ela, e estava gostando daquilo... seria legal tentar esquecer Maria Luiza por uns tempos, antes que eu estivesse na cama com outra mulher e "a visse".

Quando falávamos sobre o filme "Adeus, Lênin!" - mais um ponto em comum entre nós: ele estava na lista de "os cinco melhores filmes" de ambos -, uma voz digitalizada anunciou: "Voo 4761 da TAM, com destino a Curitiba, irá partir daqui a dez minutos". Fiquei meio que "anestesiado" quando soube que iríamos no mesmo voo, mas não em poltronas "vizinhas". Ela ficaria ao lado de uma apresentadora de um desses programas televisivos insossos, exibidos na parte da manhã; e eu, ao lado de um executivo ao melhor estilo "porco capitalista". Foi um pouco árduo negociar com a apresentadora (com o executivo não haveria acordo, pois o cara estava revoltado por ter de viajar na classe econômica), mas foi possível trocar de lugares... eu e Ana Maria poderíamos viajar juntos.

Retomamos (ou melhor, ela o fez) o diálogo sobre filmes europeus; e ela começou a falar sobre o filme "Asas do desejo", de Wim Wenders; e ela rira ruidosamente quando eu disse que ele era uma versão decente de "Cidade dos anjos"... e eu ria por osmose, para tentar aliviar a ansiedade pré-decolagem. Para a minha (falta de) sorte, no exato instante em que Ana Maria parara de rir, o avião estava decolando. Estava visivelmente abatido, tal qual alguém que presenciou um assalto; e as minhas mãos suavam ao ponto de, caso alguém as visse, acharia que eu as lavara e não as enxugara... Ana me lançou um olhar com um quê de compaixão e de escárnio; e me perguntara se estava tudo bem. "Sim... só tenho um pouco de medo de altura". Por algum motivo (des)conhecido, ela a começou a rir debochadamente e me disse um insólito "Relaxe, seu bobo!". Se isso tivesse sido falado em outras circunstâncias (e por qualquer outra pessoa), eu teria ficado puto da vida; mas achei graça dessa fala dela.

A (pseudo) turbulência havia passado, e eu já respirava aliviado (ou melhor, respirava) - já conseguia até fingir que não havia acontecido nada, apesar da cara de escárnio da Ana. A conversa havia tomado a perigosa e traiçoeira rota dos relacionamentos - justamente o que eu temia. Ela havia comentado sobre os affairs (fiquei surpreso ao saber que ela nunca havia ido a fundo em um relacionamento, apesar de sua beleza estonteante e de seu estilo, digamos, instigante); e eu havia me limitado a respostas quase monossilábicas sobre o meu casamento e sobre um ou outro affair (nunca me senti à vontade para falar sobre mim).

Conversávamos sobre os interesses de ambos - ela, seguramente, não gostou muito de saber que eu não passava de um roteirista frustrado, e falava comigo só para passar o tempo - e estava integralmente voltado para o que ela falava (apesar do meu jeito aparentemente "distante de tudo")... Quando ela comentou que (também) tinha medo de viajar de avião, tive a sensação de que ela falara palavras mágicas (não necessariamente positivas): uma turbulência (de fato) estava prestes a se iniciar.

domingo, 23 de agosto de 2009

NUNCA MAIS? (PARTE I)


Era um dia nublado, tão insosso quanto um prato preparado para um hipertenso (em tratamento). A garota do tempo, numa dessas ironias da vida, havia informado que aquele seria um dia ensolarado; e o mesmo fora informado na TV do metrô e no jornal. Talvez seja mais fácil acreditar em duendes e na integridade moral de Sarneys e de caudilhos em geral. Ah!, e diga-se de passagem, aquele era um dia interessante para viajar de avião... e eu teria de fazê-lo, até Curitiba.


Na verdade, eu iria a um desses congressos regados a muitas palestras sonolentas e rodadas de uísque até o amanhecer (e isso tenderia a repetir-se por uma semana). O tema era ligado à Literatura (antes que eu esqueça de dizer, sou professor de Letras numa dessas universidades particulares por aí; e, nas horas vagas, tento desfazer-me das minhas frustrações escrevendo... nem preciso dizer o quão ridícula e insignificante é a minha obra(?)). Enfim, por algum motivo que nem um tal Sigmund Freud explicaria, fui convidado a participar dela.


No fim das contas, aceitei sem titubear, para tentar fugir um pouco dos problemas - e de mim mesmo, reconheço. Eu não passava por uma fase "das melhores", por assim dizer. O meu casamento de cinco anos havia acabado (ou melhor, fui eu quem optara pelo divórcio... Maria Luiza, minha ex-mulher, merecia alguém melhor, menos chato e menos propenso a ser um "loser"); o meu emprego na universidade estava por um fio (tudo por causa de uma veemente discussão com o reitor, um "carrasco nazi-fascista"); e, além disso, a minha relação com o meu pai não andava muito bem (por minha culpa... seguramente pelo meu jeito "fechado", por preferir chorar escondido do que a pedir ajuda... e, desde que havia dito ao "velho" que estava cansado de ser um problema (!) na vida dele, não nos falamos mais... e isso faz uns três meses).


A caminho do aeroporto, no táxi, sem motivo aparente, tive uma sensação estranha... era como se aquela fosse a última vez em que eu faria aquilo. Será que nunca mais veria os prédios da Avenida Paulista? Eu não teria mais oportunidade de ver o sorriso da Maria Luiza, o mais lindo que eu vi até hoje? (é difícil admitir, mas eu ainda a amava... e, por amá-la, decidi afastar-me dela... e me sentia igual ao personagem de Matt Damon em "Gênio indomável". A exemplo do que você está pensando agora, sei que sou um cara complicado; enigmático, como uma grande amiga minha diria). Nunca mais iria ao Pacaembu, para assistir ao jogo do Corinthians? Eu não iria mais ir a uma livraria, para ler por horas e horas; ou ir ao bar com os amigos? Por alguns segundos, eu me senti aterrorizado por causa daquela sensação; tanto que o taxista me perguntou se estava tudo bem. "Tudo bem, 'velho'... só uma certa nostalgia por antecipação". Ele havia dito que muitos dos passageiros dele sentiam algo semelhante. "Não foi nada demais"; e me calei instantaneamente. Nunca fui muito bom em conduzir diálogos...


Fim da corrida até o aeroporto (sem trânsito intenso, ainda bem); e ela ficou por volta de R$30,00... se não fosse pelas malas, eu teria pego ônibus e metrô sem problema algum. O voo estava previsto para as 16h30 e, por um milagre, estava aproximadamente 1 hora e quinze minutos adiantado (eu nasci com um ligeiro (?) problema crônico no meu relógio biológico; logo, nunca fui muito bom no quesito "pontualidade"). Aproveitei para despachar as malas para que fossem direcionadas ao compartimento do avião; e fui à Duty Free, para comprar um livro para passar o tempo da viagem (eu havia esquecido o "Admirável mundo novo" em casa; e pretendia lê-lo pela terceira vez... queria certificar-me que as comparações que faziam comigo e com Bernard Marx, personagem desta obra de Huxley, eram fundadas). Acabei adquirindo um livro sobre Cinema Europeu; e aproveitei para tomar um café.


Estava (bem) concentrado no capítulo dedicado à Nouvelle Vague quando, inesperadamente, uma mulher de aproximadamente trinta anos pediu para sentar-se na mesma mesa. Era atraente, especialmente pelos cabelos encaracolados à Norah Jones, pela sua pele levemente bronzeada pelo sol e pelo sou corpo frágil, mas bem torneado... contudo, ainda não era tão bonita quanto Maria Luiza (por que cazzo eu sempre comparo qualquer mulher a ela, por mais linda que seja?). Para variar, não consegui "puxar" nenhum assunto e continuei a ler, mas ela dissera que gostava muito do Cinema feito no "Velho mundo"... após uns dez minutos, parecia que nos conhecíamos há anos; e conversávamos empolgadamente sobre os filmes do Almodóvar.


Numa dessas grandes surpresas que a vida nos reserva, ela também era professora de Literatura (em uma escola privada) e também iria àquele congresso em Curitiba... definitivamente seria uma companhia agradabilíssima naqueles dias. Antes que eu tenha mais um acesso de amnésia, o nome dela era Ana Maria.

sábado, 15 de agosto de 2009

REMINISCÊNCIAS DO SONO



Mais um dia... e, mais uma vez, o despertador toca (talvez essa seja a única maneira de ficar irritado ao ouvir “Sexual healing”, de Marvin Gaye – o toque do meu despertador). Tento pensar em ficar mais cinco minutos deitado (se é que consigo raciocinar corretamente nos primeiros instantes após ter acordado)... mas temo que esses “cinco minutos” transformem-se em quinze, vinte, uma hora talvez. Barba (?) feita, banho tomado e vitamina ingerida, lá vou eu para o ponto de ônibus... antes disso, pego o jornal, entregue por algum pobre coitado que acorda antes de mim, enquanto eu ainda tentava dormir (por que alguns “param” suas vidas em prol de outras pessoas? Talvez nunca conseguirei entender isso).


No ponto de ônibus, como sempre, fico sabendo que o ônibus que eu pretendia tomar havia passado, no máximo, uns dois minutos antes... e sempre me resta esperar por volta de dez minutos, para variar (são raríssimas as vezes em que não me atraso... até para me atrasar estou atrasado). Nem preciso dizer que a combinação “rush e atraso” resulta em ônibus lotado. Espero não encontrar nenhum amigo ou qualquer pessoa conhecida (o meu nível de “antissociabilidade” está em patamar assustadoramente grande nos primeiros instantes do dia); logo, tudo o que quero é ler, ouvir o set list do meu mp3, ou dormir, caso algum lugar ficar vago no decorrer da viagem (o que é raro, diga-se de passagem). Às vezes penso nos (supostos) benefícios em ir trabalhar de carro, mas o engarrafamento (uma tradição nacional) e a minha (notória) falta de habilidade ao volante me fazem desistir.


Fim do (meio do) caminho... hora de virar “tatu” (estranho, agora me lembrei de Levy Fidélix, aquele tiozinho do “Aerotrem”, ao falar sobre o metrô). Em virtude de estar na primeira estação da linha (ou por sorte mesmo), os vagões não estão lotados; logo, há conforto (?) o bastante para poder ler o jornal (de cada dia, obviamente). Após chegar à estação Tiradentes (onde sou “espirrado” (!) do vagão), entro em questionamento hamletiano (ao invés do “Ser ou não ser? Eis a questão”, apelo para o “A pé ou de ônibus?”). Como estou (bem) atrasado, tenho de apelar para o coletivo... e lá vem mais tempo de espera até sua chegada. Dentro do ônibus, me sinto como se estivesse passando pela “cidade anônima” do livro (e filme) “Ensaio sobre a cegueira”, por causa de toda aquela sujeira característica do Centro Antigo (e decadente) de Sampa (não foi à toa que parte dessa película foi filmada por lá).


De repente, olho para o reflexo formado no vidro do ônibus, e percebo como as minhas olheiras estão grandes (olheiras são nada mais do que um dos sintomas de cansaço e, principalmente de sono)... nem os óculos ajudam a disfarçá-las. De acordo com o dicionário (“meu pai”), o sono é a “vontade ou precisão de dormir” (por que não mudam para “desespero por não dormir”?). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o período minimamente recomendável para o sono é de 6 (isso mesmo, SEIS) horas... e muitas vezes, em virtude do ritmo de vida atribulado nos grandes centros urbanos, isso chega a ser um sonho (!) inalcançável. Não obstante, a falta de sono pode causar vários problemas à saúde, como irritabilidade maior, dores de cabeça mais frequentes e ganho de peso.


Não precisa ser nenhum gênio da raça para perceber que o dia será longo... qualquer lugar (uma cadeira, uma parede qualquer e, até mesmo, o hall do elevador) serão potenciais camas; e terei de tomar cuidado para não entrar em overdose de cafeína.

domingo, 9 de agosto de 2009

AS INTERMITÊNCIAS DA VIDA


Era uma sexta-feira. Mesmo tendo acordado ao som de Marvin Gaye (o toque do meu despertador é "Sexaul healing"... e não me venha com comentários maledicentes) e tendo vontade de jogar o celular na parede, além de ter aquela clássica dificuldade para acordar cedo (uma instituição nacional, não é mesmo?), eu sabia que aquele dia seria atípico... por causa de um hemograma. O meu mau-humor ia às alturas por imaginar aquela agulha (que faz marmanjo barbado e parrudo correr, aos prantos, para o colo da mãe) atravessar o meu braço tão grosso quanto um graveto.


Exame feito, biscoito (de leite, um clássico dos laboratórios desse ramo) comido e mocaccino tomado, lá fui eu para o ponto de ônibus... com band-aid no braço e tudo. Por sorte - talvez por tê-lo tomado mais próximo do início do itinerário -, ele estava vazio... e como foi bom cochilar até a estação do metrô (acho que atingi o nirvana - não a banda, cazzo - no meio do caminho).


Eu irei poupá-los dos pormenores sórditos (a quem iria interessar se eu costumo ler jornal no metrô e se a minha mesa estava com alguns documentos com análises pendentes - em virtude de problemas sistêmicos, é bom que se diga -, além de ter esperado por uns cinquenta minutos no elevador?)... Ao pegar o meu celular, vi que havia uma ligação não-atendida (de praxe... só não imaginaria que essa iria mudar o meu dia). Convenhamos, uma ligação de sua própria casa, registrada às 10h40, não é uma das coisas mais comuns no mundo.


Obviamente, como se espera de alguém que é um ser previsível, retornei a ligação. Eis que surge a voz despretensiosa do meu irmão (a minha versão "legal") no outro lado da linha; e, após ter perguntado pela "velha guarda" do clã (igual a pais), o garoto manda a seguinte: "Eles foram ao hospital... Fulano de tal morreu". Fiquei por uns dois segundos estático, com cara de quem vê a ex-namorada com outra pessoa; ou talvez um atropelamento... Tanto que uma amiga minha, que estava relativamente próxima de mim naquele momento, me perguntou se eu estava bem. "Sim, estou". Em virtude da insistência dela (segundo a própria, a minha cara não era das melhores... e olha que, mesmo quando estou bem, a minha cara não ajuda). "Um amigo da família faleceu. Não estou com vontade de sentar no canto da sala e chorar, mas estou meio 'atordoado', reconheço".


O resto do expediente foi estranho... nem modorrento, nem entusiasmente, tampouco estressante... Insosso, talvez. Espero não ter passado apatia a todos os seres que atendi à tarde (além de inexperiência... funcionário novato equivale a dores de cabeça aos chefes. Espero dar analgésicos a eles logo). Como se não bastasse, a van destinada aos colaboradores demorou muito para chegar ao prédio (ninguém "nunKassab" o porquê... será que é por causa da "lei-placebo" dos ônibus fretados?), o metrô estava "bombando" (para variar); e a avenida próxima à minha casa, inacreditavelmente, estava engarrafada ao ponto de uma formiga ficar parada por lá também.


Como diria o poeta (tão sábio quanto um participante de BBB), "Está na Argentina? Grite "É penta!"... decidi dar uma olhada nos 100 e-mails não-lidos (por negligência, preguiça, "vagabundagem") na minha "caixa"... E, depois, iria ao velório.


No meio do caminho (o meu pai estava dirigindo... por isso que hoje não estou falando sobre acidentes de trânsito), estava pensando sobre esse tema (infelizmente, a única certeza que temos na vida...). Pensava nos parentes do falecido (talvez eles estivessem desejando que o tema do livro "As intermitências da morte", de Saramago... um daqueles livros da série "1001 livros para ler antes de morrer" e que, diga-se de passagem, ainda não li. "Por que será que a "Morte" não tirou férias hoje?").


Ao vê-los ali, senti-me (obviamente) desolado, ao ponto de achar que iria chorar também... o momento mais delicado foi ver o filho ao lado do caixão, numa espécie de "diálogo retórico", um momento essencialmente introspectivo. Contudo, a alguns metros dali, havia uma roda composta somente por "barbados", tal qual o "Clube do Bolinha", na qual, para variar, só falava-se sobre futebol e automobilismo (não chegava a ser uma "amolação"... trocadilho infame, reconheço). Em outros momentos os temas foram (paradoxalmente) a vida, ufologia, o cazzo.


O clima e as circunstâncias, por si sós, eram desgastantes; sem contar o cansaço em virtude do horário. Início de madrugada, pedi para sair (simbolicamente falando). Não aguentava mais: as circunstâncias; o horário, talvez (ser "baladeiro" acidental e esporádico dá nisso). Não irei falar sobre os fatos posteriores (não estou aguentando mais abordar esse tema). O que resta, a todos nós, meros mortais, é viver cada momento intensamente (é um clichê, reconheço, mas não custa nada apelar para a teoria do carpe diem). Até a próxima, com assuntos obviamente menos fúnebres.

sábado, 1 de agosto de 2009

A MOLA DE BUDAPESTE

FONTE: Olé! (Espanha)

Começo da tarde ensolarada em Budapeste, capital húngara eternizada por Chico Buarque em seu livro homônimo. Para ser mais preciso, estava acontecendo o qualifying (treino qualificatório) para a décima etapa do Mundial de Fórmula 1. De repente, uma câmera capta a imagem de um carro vermelho "misturado" à barreira protetora de pneus; e, simultaneamente, pode-se ver um ponto mezzo azul, mezzo amarelo, no meio daquilo. Era a Ferrari do brasileiro Felipe Massa, após passar reto pela quarta curva do circuito de Hungaroring.

As imagens da câmera on board no carro do brasileiro mostravam evidências de um suposto erro (crasso), digno de quem só conseguiu a CNH após pagar a taxa (?) facilitadora... mesmo assim, as primeiras nuvens de preocupação começavam a chegar a Hungaroring, de carona com as ambulâncias designadas para o resgate de Massa.

Minutos depois, após as imagens do acidente terem sido exibidas à exaustão, pôde-se ver um "OVNI" indo em direção ao capacete do brasileiro (tratava-se de uma mola solta da Brawn GP do mal-fadado Rubens Barrichello). Foi inevitável não lembrar-se de Helmut Marko, que ficou cego após uma pedra ter atravessado a viseira de seu capacete; tampouco de Cristiano da Matta, que sobreviveu a um acidente ainda mais grave - um cervo atingiu em cheio o seu casco... Também foi impossível evitar as lembranças daquela manhã fatídica de 1º de maio de 1994 não viessem à memória de todos, especialmente dos brasileiros - será possível que essa mola seria representante daquele braço de suspensão que roubara a vida de Senna?

A estreia do espanhol Jaime Alguersuari, piloto mais jovem a pilotar um Fórmula 1, a troca de farpas pública entre Nelsinho Piquet e seu patrão, Flavio Briatore, a confusão na cronometragem e a pole de Fernando Alonso ficaram em segundo plano... Todas as atenções estavam voltadas para o helicóptero com destino ao Hospital Militar de Budapeste.

O circo da Fórmula 1 não vivi tal tensão desde os acidentes de Robert Kubica e de Heikki Kovalainen (2007 e 2008, respectivamente). O clima estava tenso ao ponto de Luca Colajanni, chefe de imprensa da equipe de Maranello, saiu na porrada com repórter que perguntara se Massa corria risco de morte - a cirurgia realizada no local onde ele foi atingido terminou bem sucedida. Barrichello, envolvido pelo destino no acidente, divulgara em sua página no Twitter que, instantes após o acidente, o piloto brasileiro estava consciente e gesticulando; e Dudu, irmão do "cara da Ferrari número 3", declarou que podia ouvir Felipe gritando aos médicos para que não o tocassem, que deixassem-o em paz e que ele estava bem. O fato era que a Ferrari só alinharia o carro de Kimi Räikkönen no domingo - segundo Mark Webber, piloto da Red Bull e vice-líder do campeonato, em vídeo gravado com mensagens de incentivo dos pilotos a Massa, que "uma única Ferrari no grid não faria sentido".

No domingo, ainda sedado - igual a Massa -, o mundo da Fórmula 1 viu o pit do carro número 3 vazio (somente os mecânicos com uma placa com a frase "Forza Felipe! Siamo con te" ("Força Felipe! Estamos contigo", em português)), a volta de Lewis Hamilton ao topo do pódio, a Brawn GP (leia-se Jenson Button) ver a liderança do campeonato ameaçada por Sebastian Vettel e por Webber, além da "suspensão"" por uma corrida imposta à Renault, por causa de uma roda solta no carro de Fernando Alonso.

Niki Lauda, ex-piloto tri-campeão (e que também sobreviveu a um grave acidente a bordo de uma Ferrari) , declarou que um tal de Michael Schumacher deveria substituir o lesionado Massa... mas ninguém imaginava que a aparente declaração abobalhada, digna de um jogador de Futebol, se tornaria realidade - a princípio, por uma corrida. Além disso, após muito blá-blá-blá, os médicos chegaram à conclusão de que Felipe não terá sequelas (físicas, ao menos)... pode ser que os brasileiros voltarão a vê-lo em ação já em 30 de agosto, no GP da Bélgica.

O que o destino irá reservar? Massa não será o mesmo piloto de outrora? Será que sua (até aqui) brilhante carreira será interrompida? Ou o veremos uma figura com um band-aid sobre os supercílio esquerdo no lugar mais alto do pódio na terra de Chico Buarque, Senna e de Calheiros? Só os deuses da velocidade poderão responder a essas perguntas.

sábado, 18 de julho de 2009

ENSAIO SOBRE A MIOPIA


Final de tarde ensolarada, porém começando a ficar fria (estamos no inverno, lembre-se)... Clima propício para reunir os amigos num pub qualquer, num boliche, quiçá para ir ao cinema... Entretanto, ao melhor estilo Joseph Klimber ("A vida é uma caixinha de surpresas", não é mesmo?), estava indo ao oftalmologista (convenhamos, que palavrinha complicada somente para dar nome ao especialista em "zoios").

Na recepção do consultório, para variar, a espera foi longa (não tão longa assim; mas, ao basear-me em uma das teorias do "tio" Einsten, levou uma eternidade...)... já poderia sentir a sensação um tanto desagradável do colírio dilatador nos meus olhos por antecipação; mesmo assim, eu estava aproveitando para ler (a tendência era de que eu passaria o resto do dia (ou melhor, noite) míope, tendo de pedir ajuda para, simplesmente, andar em linha reta).

Depois de aproximadamente vinte minutos (que pareceram ter durado uns quarenta), finalmente fui chamado para ir ao consultório. Era um local agradável até (pelo menos não lembrava um consultório odontológico)... Ao invés daquele motorzinho "chato" do dentista, o (pseudo) carrasco era o colírio dilatador mesmo - por um instante achei que fosse o "colírio alucinógeno" de José Simão, colunista da Folha de S.Paulo.

Pouco tempo depois (acho que suficiente para ter iniciado o processo de miopia condicionada), fui enviado novamente para a sala da espera (ou tortura?). Como se não bastasse a demora incessante, continuaram as aplicações do "colírio que faz ver duendes e elefantes rosados"; e eu me sentia como se estivesse sendo submetido ao Método Ludovico, tal qual o personagem Alexander de Large em "Laranja Mecânica"... não obstante, pelo fato de ter de olhar para o teto (branco), após terem colocado o colírio (?) em meus olhos, tive a sensação de ter sido vitimado pela "cegueira branca", tal qual os personagens de "Ensaio sobre a cegueira" (livro de Jósé Saramago, adaptado para o cinema por Fernando Meirelles). Por sorte, me lembrei de abaixar a cabeça, e pude ver tudo (embaçado); e, como se não bastasse, a secretária ainda me pediu para eu assinar a via de autorização do convênio (eu somente via mata-borrões; e aposto que a minha letra (ou melhor, hieróglifo) deve ter ficado semelhante a caracteres árabes).

Por algum milagre, no final das contas, o meu grau de astigmatismo estava praticamente estável (ironicamente, estava conformado com a "nova" condição de míope)... e nem sei como consegui chegar em casa. Acho que segui o barulho mesmo.

terça-feira, 30 de junho de 2009

EST MORT!


Na última quinta-feira, 25, o mundo da música (pop) perdeu um de seus maiores expoentes, se não o maior: Michael Jackson. Para poupar-lhe de toda a repercussão que o óbito (digno de rei (...)) teve, não irei apelar para o “mais do mesmo”, ao contrário do que ocorreu em toda a (grande) mídia... e, além de alguns fatos inusitados que ocorreram mundo afora, tentarei escrever sobre o “moonwalk” midiático.

Claro que seria imaginável o impacto da morte do astro pop ao redor do mundo, mas alguns fatos são dignos de serem (exaustivamente) comentados, isso é que não falam por si: presidiários tailandeses (isso mesmo, meu caro, presidiários tailandeses) tentaram realizar a dança eternizada no videoclipe de “Thriller”; Hugo Chávez, presidente venezuelano, disse estar triste pelo final (melancólico) do astro, mas reclamou da ampla cobertura do caso no canal de notícias CNN (segundo o próprio, “isso é o Capitalismo”); Mário Moraes, piloto brasileiro na Fórmula Indy, participou da última etapa (se não me engano, em Richmond) com luvas prateadas... e Barrica prometeu que, se subir ao pódio na próxima etapa do mundial de F1, fará o “Moonwalk” no lugar da já patenteada “sambadinha” (será engraçado).

Agora, queria ponderar sobre alguns pontos, digamos, chatos: antes de sua morte, Michael Jackson era considerado pela opinião pública (que é bem diferente de opinião, de fato, da sociedade) como pedófilo, mesmo inocentado pela justiça norte-americana; em virtude de seus gostos excêntricos (que custaram parte considerável de seu patrimônio astronômico), era tido como “louco”, senseless e afins... e, hoje, é tão-somente uma criança crescida, tentando reaver sua infância cerceada. Não obstante, pouco fala-se sobre os direitos comerciais que detinha sobre as músicas dos Beatles, obtidos de maneira, digamos, escusa (até hoje Paul McCartney sente as dores causadas por essa rasteira dada durante alguns passos do “Rei do Pop”). Será somente volatilidade de pontos-de-vista ou formação de juízo (de valor) condicionada à opinião pública? Tirem suas conclusões.

Como diria a poetisa, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”... e, seguramente, Michael Jackson as sabia, como poucos. Tanto que chegou a confidenciar a Lisa Marie Presley (ex-esposa do cara e filha do “homem”) que temia morrer da mesma maneira que Elvis (vitimado por um ataque cardíaco). Apesar de seu desejo (ou medo, de acordo com o seu ponto de vista), não houve muita diferença entre ambos os óbitos. Com certeza o mundo ainda verá intensas (e sangrentas) batalhas judiciais pela guarda dos filhos (?) e pelas migalhas que ainda restam (inclusive em Neverland)... triste epílogo para quem teve alguns dos capítulos mais alegres do século XX, intercalados numa história tão inverossímil quanto as contadas por Machado de Assis.

Tentemos não nos ater aos seus erros e deslizes, tampouco aos seus problemas e ao seu complexo de Peter Pan... nos recordemos de Michael Jackson tal qual ele foi (e será), musicalmente falando.

FÉÉÉRIIIAAASSSS!!!!


Passamos o ano inteiro esperando por datas como o Natal, Réveillon, aniversário... e, claro, pelas férias também. Na infância (e, em pouco mais da metade dos casos, na adolescência), essa fase vem em dose dupla (no verão, quando, normalmente, passamos alguns dias na praia, no sítio, na casa dos tios do norte do Paraná... e no inverno, época em que, substancialmente, ficamos debaixo das cobertas para assistir, pela décima oitava vez, “Karate Kid” na “Sessão da Tarde”); contudo, ao atingirmos a fase adulta (?) de nossas vidas, essa “boiada” torna-se rarefeita... só a temos uma vez ao ano... e isso quando a temos. Daí a mitificação desse mês de “retiro” moral por parte de todo e qualquer ser humano membro do proletariado – de uns meses para cá, os estagiários foram (merecidamente) inclusos no pacote.

Quando percebemos que necessitamos de uma pausa e que estamos aptos a balbuciar “Preciso de férias”? A manifestação de tal necessidade pode ocorrer de diversas maneiras, de acordo com o estágio do “estressômetro” do elemento... ao ser extremamente rude com a pessoa mais legal do mundo, por motivos, digamos, “bobos”; ao chorar em bicas por causa de uma conversa um pouco mais acintosa; ao visualizar uma parede (ou o hall do elevador) tal qual sua cama... Enfim, o corpo, a mente (e a alma, por que não?) gritam “Help me, m*therf*ck*r!” quando atingem o limite tolerável, no que diz respeito a situações desgastantes.

Durante as férias, todos temos o costume de fazer planos, inclusive os (absurdamente) irrealizáveis, como ir até o STF (Plenário e Câmaras dos deputados e senadores também podem perfeitamente entrar no pacote) e atirar ovos podres em seu presidente, quiçá em algum senador que tenha colocado a família inteira em seu gabinete por meio de “atos secretos”; quiçá ir à Disney e quebrar um skate na cabeça do funcionário vestido de Mickey (se bem que no Pateta ou no Tio Patinhas seria um pouco mais engraçado).

Contudo, via de regra, costumamos fazer tudo o que não podemos fazer em nosso (insano) cotidiano... ouvir aquele CD “jogado” no canto do quarto da sua “banda de cabeceira”, ler aquele (s) livro (s) que está (ão) em sua lista de “1001 livros para ler antes de morrer”, assistir aos DVDs empilhados aleatoriamente (desde ao do filme “arrasa-quarteirão” do semestre passado ao último dirigido pelo Gus Van Sant), visitar (ou pentelhar) os amigos de “outrora”, dos (as) quais você teve de se afastar por causa de seu cotidiano (infelizmente ou felizmente, cada um “toma um rumo” na vida), ir a algum pier (ou jardim suspenso), num final de tarde, para escrever ou para ficar ao lado de alguém... além daquela viagem (o rumo pode variar da Costa do Sauípe até a Praia Grande) que você vinha planejando desde o fim das últimas férias.

Enfim, aproveite cada instante de suas férias como se fosse o último segundo na Terra. Carpe Diem!

domingo, 24 de maio de 2009

LOUCURA MODERNA


Com certeza você já assistiu ao desenho “Os Jetsons”, certo? Pois bem, independentemente de você ter 20 ou 40 anos, você imagina que o futuro será “povoado” por carros voadores, tele transporte, pílulas que, se colocadas em alguma espécie de microondas ultra high tech plus advanced, transformam-se nos mais variados pratos (de pizza a, quem sabe, feijoada), roupas para lá de “viajandonas” desenhadas por algum estilista da NASA... pois bem, será que o futuro já não bateu à porta de nossas casas e, sem termos percebido, já entrou e pegou a cerveja na geladeira (chamada de Rosie)?
Vamos lá. O futuro já chegou (não aquele no qual pseudo-telas em formato touchscreen abrem-se em nossa frente, tampouco o de Aldous Huxley em “Admirável mundo novo”)... e está tomando cerveja no sofá de nossas casas e assistindo ao jogo do Corinthians (numa TV de LCD com home theather e conversor digital, é claro). Em primeiro lugar, quem imaginaria que um pedaço aparentemente insignificante de plástico (reciclado) seria o regente e desregulador de nossa vida financeira? Ou que poderíamos comprar um notebook com tecnologia 3G em algo chamado Internet, por meio do qual poderemos pagá-lo num tal de Internet Banking? Isso tudo sem contar o celular touchscreen com 250 funções... e que brilha no escuro.
Agora pensemos (e reflitamos), todos juntos: quem nunca esqueceu alguma senha qualquer (principalmente as do banco, do VR, do e-mail, do MSN, Orkut, Myspace, Twitter e similares)? Ou, então, fez uma “salada mista” digna de algum feito épico de Mr. Bean com informações importantes (?) de seu cotidiano? Temos de lidar com tantos dados, números, informações atiradas por uma metralhadora “à Rambo” sem critério algum, que chega um certo momento em que torna-se humana (e tecnologicamente) impossível separar o joio do trigo (agora me lembrei de um trecho de alguma música do Capital Inicial: “(...) Inteligência ficou cega de tanta informação (...))”. Não seria nenhum pouco insano digitar insistentemente a senha da “Central do Aluno” de alguma UniEsquina da vida no caixa eletrônico (e provocar alguma fila digna de qualquer pronto-socorro), ou atender o telefone de casa (ou até pior, o celular) da seguinte maneira: “Unidade Jade... Amauri, bom-dia.”... Para sua (falta) de sorte, a pessoa do outro lado da linha trabalha em algum call center e “vai estar tentando” vender-lhe algum produto da Tecnomania.
Outro aspecto clássico de nossos tempos modernos... a troca involuntária de cartões, de acordo com a necessidade e/ou ocasião... Quem nunca pegou, acidentalmente, o cartão de alguma loja de departamento e tentou utilizá-lo no caixa eletrônico 24 horas? Ou, então, tentou inserir o cartão do banco no validador do VR? Citarei algo que aconteceu comigo há algum tempo... O expediente havia se encerrado, e saí apressado do prédio. Tomei um ônibus, fui ao metrô e, somente na faculdade (para ser mais preciso, na catraca), notei que estava com o crachá da empresa preso a um cordãozinho de silicone no pescoço... e, para completar a “sessão bizarrice”, estava passando-o na catraca. Para completar, estava numa espécie de horário de pico da entrada ao campus.
Por essas e outras precisamos abrir os olhos para que não vivamos numa espécie de “ditadura da tecnologia”... isso se é que já não a estamos vivendo.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

COTIDIANO PASSAGEIRO


Não é segredo para ninguém que o expediente começa antes mesmo de bater o cartão (ou de passar o crachá no leitor magnético da catraca), mais precisamente, no trajeto de nossas casas até o escritório (borracharia, açougue, loja, “boca”...); contudo, ele se inicia muito mais perto de nossos “cafofos” do que nós mesmos imaginamos: no ponto de ônibus. É por lá onde, na maioria das vezes, o andamento de nossos dias será definido... o hiato de 10 minutos (que poderiam ser usados como “prorrogação” de nosso “coma” de algumas horas) entre um ônibus e outro pode definir o adiantamento (?) de uns 5 minutos em relação ao início do expediente ou, quiçá, um atraso homérico – e, consequentemente, à justificativa plausível, à desculpa esfarrapada ou ao exercício machadiano de elaborar uma “obra literária” ao chefe (será que vai colar? Nem o “Impostor” responderia resolutamente).

Pois bem, a “lata de sardinha” pode ter mais utilidades do que nos levar à linha de chegada (ou à metade do caminho, de acordo com a distância de seu esconderijo)... local de leitura (às vezes é bom saber que você não é o único “leitor de ônibus” na face da Terra), de interação interpessoal (é incrível que você sempre encontra os “sumidos” da vida, a vizinha arrogante ou os amigos dos tempos de escola no coletivo) ou, até mesmo, de análise social [é um trabalho digno de Freud ou de pseudo-filósofos, tal qual uma certa apresentadora “superpop”, entender por que um gênio da raça sempre finge dormir ao ver uma gestante ou um idoso ao entrar no ônibus – detalhe: o elemento estava (in)devidamente sentado no assento “especial”... ou, então, alguém já se perguntou sobre a “graça” de empurrar, dar bolsadas/mochiladas e pisar nos pés de outrem, pelo simples prazer de de “marcar território”?]... enfim, o ônibus é o local menos recomendado para quem quer “desligar-se” do mundo (e o mesmo vale para o metrô e trem).

Outra pergunta: por que vizinhos saem (sozinhos) em seus respectivos carros, trabalham em locais próximos - isso quando não trabalham, por algum (des)capricho do destino, na mesma empesa -, e ficam presos no trânsito, colaborando para a manutenção da (má) fama das marginais, para queda da (contraditoriamente tão almejada) qualidade de vida e, por mais quixoteana que a teoria a seguir pareça, para a intensificação do efeito estufa (o nosso “moinho de vento” atual)? Motivos não faltam: para mostrar ao mundo (e aos assaltantes) a ximbica nova, a ser paga em algumas centenas de prestações; quiçá, para sentir a brisa do ar condicionado na cara (a estufa em seu formato mais simples, básico)... ou seria pelo direito sagrado e inalienável de ouvir “crássicos” do naipe de Calypso ou 50 Cent? Você tem mais alguma teoria? A humanidade procura por mais algum álibi para justificar o auto-arremesso aos tubarões (motorizados).

Além disso, é humanamente impossível não olhar para a “Babel” formada no busão: o executivo no dia do rodízio de sua ximbica e que tem aversão ao “povo” (então, por que cazzo ele está ali?), o estagiário, o mecânico, a vendedora, a secretária, a diarista, o desocupado (ou seria retardado?), o universitário... enfim, somente o botequim nos happy hours da vida consegue ser o local mais democrático. Infelizmente, por mais insano que pareça, ainda há cenas (ora veladas, ora veementes) de preconceito, normalmente de caráter social e/ou racial... os “pequenos” crimes cotidianos que corrompem (e envergonham) a sociedade.

Enfim, para que o trânsito (ou melhor, nossas vidas) possa fluir bem, basta que usemos o bom senso... e por que não, passemos a ser solidários, “caronisticamente” falando?

VIRADA BALEIRA




Domingo de manhã... ou melhor, instantes antecessores do estágio “a pino” do sol. Um mar de gente instalava-se na Avenida São João, a alguns metros do trecho eternizado por Caetano... hippongas, descolados, gurias com óculos de acetato, fãs do Matanza instalados meio que por acidente por ali, ricos, pobres, jovens, pessoas de meia-idade... boa parte das pessoas “jogadas” por ali poderia ser perfeitamente o público de algum show do Los Hermanos, da Mariana Aydar, do Nando Reis ou, quiçá, de algum revival de Woodstock organizado na América Latina... mas era, na verdade, a galera que estava esperando ansiosamente pelo show do Zeca Baleiro, previsto para o meio-dia daquele domingo ensolarado.

Eu e amigos da havíamos chegado naquelas bandas por volta das 10h (meio frustrado, pois havia acabado de perder ao concerto do Cordel do Fogo Encantado... queria ter visto, ao menos, Lirinha – vocal da banda – perguntar ao “pai” se poderia ensinar-lhe a ser palhaço e, depois, ouvir “Palhaço do circo sem futuro”). Por algum milagre, havia encontrado amigos de Guarulhos naquele pedaço de chão (na hora, eu estava incrédulo, tal qual um adolescente ao deparar-se com o ídolo)... se bobear, há pessoas de Guarulhos até na Sibéria, tomando vodca e pescando em lagos congelados...

Após um “hiato”, todos puderam receber uma amostra grátis do show: a passagem de som – que já valeu o ingresso (gratuito, diga-se de passagem)... Mais um estágio da preliminar: a apresentação de um grupo performático-musical africano (a percussão estava perfeita). Como nem tudo se resume a céus “embrigadeirados”, havia alguns reveses naquilo tudo: o espaço (eu estava numa área equivalente a uns 20 centímetros quadrados - menor do que um simples piso... e só de pensar que pagaria uma grana considerável pelo aluguel desse “baita” espaço em Time Square fico com engulhos) e mudanças repentinas de lugar (mas por que cazzo uma pessoa decide passar de um lugar ao outro, mesmo sabendo que não há espaço para fazê-lo? E, de quebra, por que empurra a todos?) Como se não bastasse, graças a alguns (ou a vários) “iluminados”, a região inteira estava tal qual um lixão a céu aberto, quiçá um grande fosso... mas o show compensaria aquilo tudo.

Enquanto Zeca não pisava no palco, decidi dar uma olhada ao redor: havia um bandeirão do Corinthians (sobre o qual Zeca falaria depois ser objeto de provocação a ele, ao fazer alusão sobre o Santos, seu clube “de coração”, e ao desfecho do campeonato paulista, entre os times do “manto sagrado” de Parque São Jorge e da Baixada Santista); uma primata de pelúcia colocado na sacada de algum apê daquela “quebrada” (a chamemos de Monga) por duas mulheres... havia algumas pessoas nas janelas dos prédios ao redor do palco.

Zeca Baleiro deu início ao “quebra canela”... primeiro, todos foram (mentalmente) capitaneados por ele a Babylon, mas sem caviar, tampouco Möet-Chandon... e pessoas com almas que não tinham cor (negrões, loirinhas, brancos, amarelos; enfim, a Fiel Torcida...) cantavam em uníssono, tal qual a galera em algum show do Los Hermanos durante a execução de “Todo carnaval tem seu fim”. Dava para ouvir em Angola, Aracajú, quiçá no Alabama. Eu, particularmente, estava “mais bobo do que banda de rock”, quiçá do que um “palhaço do Circo Vostok” (e, de quebra, com uma gripe que mais parecia o estágio inicial do Influenza A).

Outros destaques: a homenagem ao Wando (que havia tocado algumas horas antes), ao cantar(mos) “Você é luz, raio, estrela e luar...” (aposto que calcinhas foram arremessadas na cara dele...) e o “Momento 'Chute ao set list'”, ao cantar (pasmem!) “Vai, Lacraia”... por algum milagre, não havia no meio da multidão nenhuma placa cínica da série “Eu já sabia!”.

E agora, meus caros, segurem-se em suas cadeiras porque agora vem o maior clichê de show bizz brasileiro (desde o videokê do churrasco na laje até o show do João Gilberto: o “Toca Raul!!!)... e a “parada” é tão veemente que virou tema de música do (adivinhem!) Baleiro... todos nós gritávamos sincronizadamente “Toca Raul!”, tal qual a Gaviões ao cantar “Louco por ti, Corinthians!”. A galera (inclusive “Monga, a gorila de pelúcia” - agora com a camiseta do Corinthians) pirou com o “Heavy metal do Senhor”... só faltou-lhe hastear a bandeira.

Resumo (tosco) da ópera: os insights de Zeca Baleiro, definitivamente, são do approach!!

domingo, 19 de abril de 2009

REPETIÇÃO (DES) NECESSÁRIA

Quem nunca ouviu pessoas dizerem ao sete ventos frases como "hemorragia para cima", "subir para cima", "entrar para dentro", "defunto falecido" / "morte morrida", "anexar junto" ou, até mesmo, "político corrupto"? Pois bem, deixe-me apresentá-los a vocês... "Meus amigos e minhas amigas", é com imenso (des)prazer que lhes apresento os (nada) ilustres PLEONASMOS. Mas que cazzo são esses tais pleo... o que mesmo?

Os pleonasmos são repetições desnecessárias de determinados termos, cometidos graças ao objetivo de enfatizar a ideia principal do que é dito... enfim, são vícios de linguagem. E, por mais constrangedor que pareça, todos nós já o fizemos, mesmo que na quimera da primeira fase de nossa (velha) infância.

Pelo menos um de nós, nem que tenha sido por somente uma centena de vezes, já pôde ver (e ouvir) a mãe de algum amigo, ao chamá-lo de volta para casa após a partida de futebol na rua, dizer "Amauri Alfredo, entre para dentro!!". Pois bem, há como "entrar para fora"? Ou, quiçá, "entrar para outra dimensão"?. Talvez um simples "Entre, palerma!" já resolveria tudo.

Quem nunca ouviu no ônibus, ao menos uma vez a cada cinco minutos, alguém soltar pérolas como "O engarrafamento não vai 'estar deixando' o busão subir para cima". Companheiros e companheiras, ponderemos... Hemorragia deriva da palavra hemo (peço desculpas pelo "Momento Pasquale"), que significa sangue; logo, hemorragia tem de ser de sangue... não me recordo de ter ouvido falar sobre uma "hemorragia de urina", por exemplo. Já no que diz respeito a subir para cima, me recuso a comentar sobre. Por essas e outras que apelo para o mp3 do meu celular... e não me venha com a manjada história de que "é melhor ouvir isso do que ser surdo".

Um dia, ao passar em frente a um boteco onde tocava um pagodão "mela-cueca" (outro pleonasmo, pois todo pagode é "mela-cueca"... e pagode não é Samba), decidi prestar atenção na letra, talvez por algum impulso esquizofrênico. Enfim, apesar de ter perdido meu precioso (?) tempo, pude garantir algumas risadas, especialmente ao ouvir o trecho "(...) vou me refazer de novo (...)". Agora, pensemos com nossos botões (aqueles de futebol de botão também servem): peço desculpas pelo "Momento Pasquale II", mas é inevitável... o prefixo "re" remete à ideia de repetição, logo, o "de novo", nesse caso, foi redundante e desnecesário. Podemos entender que o "mano" dessa música é um cara em "metamorfose ambulante", é um camaleão (e vai ter de comer muito "arroz e feijão" para pensar em ser como David Bowie, o "Camaleão" do mundo da música); ou então é uma pessoa sem personalidade definida (estaria ele sujeito a mudar para o "lado rosa da força"? Que coisa... ).


Há pleonasmos também no mundo da bola. Ir ao estádio e não gritar "Juiz ladrão" é um baita lugar-comum, e também é como ir a Paris e não visitar a Torre Eiffel ou, quiçá, ir à Bolívia e levar seis "punhaladas no peito" (se você for argentino, é claro)... Se o árbitro cometer uma falha homérica, daquelas de terem de algemá-lo e levá-lo de camburão ao DP mais próximo do estádio , chamar o elemento de "juiz ladrão" é pleonasmo, pois o cidadão (juiz) é um ladrão por excelência... especialmente se o "crime" for cometido contra o seu time, ou se você se chamar Emerson Leão, quiçá Vanderlei Luxemburgo.

Há também frases que, de tão corriqueiras, são tão redundantes e chegam a ser (por que não?) pleonasmos... Um dia, ao parar em frente à banca de jornal, fui dar uma olhada no tablóide esportivo e me deparei com a seguinte manchete: "Edmundo perde pênalti e Palmeiras é eliminado". Bueno, não é segredo para ninguém que o "Animal" não costuma ter aproveitamento satisfatório em penalidades; ou seja, ele sempre as erra, tal qual Roberto Baggio em 1994. Então, meus caros, dizer que o "Edmundo perdeu um pênalti" é um pleonasmo também... e a gratidão do meu time ao Edmundo se deve em proporções, digamos, mundiais.

E agora chegou o momento "cereja no bolo (de 'cagadas')"... com vocês, o supra-sumo dos pleonasmos: a política. Infelizmente, graças a "heranças" deixadas por administradores da época do Brasil-colônia e por coronéis da era "café-com-leite" de nossa História (de "absurdos gloriosos") aos militares e aos parlamentares de nossos tempos, o ato de "apossar-se" de verbas públicas como se fosse propriedade particular (para pagar a empregada ou, até mesmo, ir a "Bradescos" da vida com o objetivo de fechar "acordos comerciais") está visceralmente arraigado à nossa política; logo, a corrupção rola solta. Com isso, galera, dizer que políticos são corruptos é um pleonasmo, pois a condição preexistente para seguir a carreira parlamentar é apelar para o "jeitinho brasileiro". Até atrevo-me a dizer que o nível de periculosidade de nossa ilustre (?) capital é o mesmo de Presidente Bernardes... e dói pensar que a (atividade) política é reflexo da sociedade em que vivemos, mas essa é outra história.

Enfim, basta tomarmos cuidado para não entrarmos para o famigerado grupo dos "peonasnos".

sábado, 4 de abril de 2009

VERGONHA HABILITADA

FONTE: Blog do Capelli

Um dos signos de crescimento (ou melhor, amadurecimento; quiçá prova cabal de que alguém virou adulto) é obter a Carteira Nacional de Habilitação, vulga "CNH" ou "carta", para os mais chegados.

Pois é, hermanos, eu já a obtive, mas de maneira um tanto condenável, questionável, vergonhosa etc... as circunstâncias foram, se não cômicas, trágicas (não necessariamente nessa ordem), talvez com ambos os matizes.

Façamos uma viagem no tempo. Tudo começou em dezembro de 2007. Depois de ter ouvido inúmeras vezes dos meus pais "Júnior, não está na hora de 'tirar a carta'?" e de ter juntado uma "moeda" para fazê-lo, tomei coragem e fui à luta. De cara, a possibilidade de abandonar a vida de pedestre, de "sardinha" de ônibus e de metrô e, até mesmo, de loser me tentaram (afinal de contas, somente vencedores têm um carro, correto?) ... todavia, não queria contribuir para a manutenção de engarrafamentos faraônicos, além de fazer a minha pequena parte para a Camada de Ozônio continuar sendo metralhada.

Pois bem, o primeiro obstáculo foi o teste psicotécnico, vulgo "teste do sorvete na testa para adultos". Por mais bizarro que pareça, temia ser reprovado nessa fase, por motivos "neuro-insanos"... consegui passar com um pé nas costas, por alguma "cagada" do destino e, consequentemente, estava habilitado para encarar o CFC.

As aulas do CFC foram tranquilas, sem sustos, vertigens, vômitos etc (não assisti ao "crássico" vídeo de acidentes de trânsito ao melhor estilo "Jogos mortais")... vale citar as "amizades de infância" estabelecidas nessa fase... por algum motivo que nem Freud explicaria, elas ficaram nas carteiras da sala de aula da "escolinha de futuros barbeiros".

Agora, meus caros, apertem os cintos e rezem para São Cristóvao (patrono dos motoristas, barbeiros e braços-duros em geral) porque assumi a direção do carro: nas aulas de direção percebi que o gene dos "mestres do volante" estava em falta no meu DNA. Depois de dar muito tranco (e quase fundir o motor do carro), estava no estágio minimamente aceitável para dizer "Consigo dirigir em primeira". A prova de fogo estava chegando e, com ela, minhas unhas e minha calma iam embora - de metrô.

Chegou o grande dia (uma quinta-feira): a avaliação da baliza, da ladeira, da "fina" tirada de outro carro... enfim, a prova. Tal qual um vestibulando no dia da FUVEST, lá estava eu esperando a minha vez para assumir a direção. Banco e retrovisores ajustados, motor ligado e a 1ª marcha acionada. Não tinha mais como fugir e pedir asilo moral para d. Maria, também conhecida como "Mãe". A prova estava indo bem. Apesar de ter sido jogado aos tubarões - ou melhor, no trânsito -, estava me saindo bem... até chegar na temida "ladeira do motor apagado". Nem precisarei entrar em detalhes sobre o ocorrido. Por algum impulso de "perfeccionismo doentio", entrei momentaneamente em parafusos e me esqueci da "taxa" paga anteriormente. Ah!, a taxa... não queria pagá-la mas, por falta de capacidade de condução, tive de fazê-lo.

Eu até me atrevo a dividir a avaliação nos momentos "AL" (antes da Ladeira) e "DL" (depois da Ladeira). Não conseguia fazer nada direito, inconformado por ter deixado o carro "apagar" pouco antes. Tal qual Ukyo Katayama, estava me saindo um legítimo barbeiro e, após ter feito uma conversão de maneira um tanto insegura, ouvi do examinador "Pare o carro. Você não vai sequer fazer a baliza, por ter sido REPROVADO".

Aquelas palavras atravessaram o meu cérebro como uma bala de AR-15... não conseguia pensar, tampouco argumentar. Após conter o choro quase inevitável, a ressaca moral estava braba... nem um Engov "supersize" salvaria a pátria. Depois de algum tempo, com a cabeça devidamente (re)colocada no lugar, entrei em contato com a Auto Escola. Aleguei que, mesmo se eu tivesse atropelado um vira-lata, uma "velhinha" de bengala ou ter feito "strike" com a galera do futebol da rua, era para eu ter sido aprovado - pelo simples fato de ter pagado a "taxa dos incapazes".

Incrivelmente, alguns dias depois, o insólito aconteceu: recebi uma ligação da Auto Escola na qual fui avisado de que havia sido aprovado... Só me restava cantar "I can't believe the news today...".

O mundo realmente dá voltas (sem carro): de barbeiro incorrigível a motorista legalizado. Seguramente, Quevedo diria que "isso non ecziste!". Atualmente, continuo sendo um pedestre loser... coincidência (ou não), os postes da minha "quebrada" nunca mais foram os mesmos.

Vou guardar o carro na garagem. Da próxima vez, alguuém quer ir de carona comigo?

DE VOLTA À VIDA (DIGITAL)

Após um longo inverno (ou melhor, verão com ingredientes escaldantes precedido pelo outono ainda descaracterizado), estou de volta ao meu "espaço" digital... para desespero, revolta e tristeza de muitos.

De lá para cá, muita água (não somente a de março) rolou: o carnaval, é claro, fez todo mundo esquecer da vida (e, o que já é um lugar-comum, o ano só começou após o período de esbórnia); alguns executivos da AIG levaram uma "bolada" de respeito, com a qual muita gente seria salva em Darfur; o "ferro-velho" da Honda tornou-se uma equipe (aparentemente) vencedora (e Sir Hamilton, Pinóquio); a "Seleção" anda não muito bem das pernas (de pau dos "digníssimos" atletas), mas está em boas mãos de Júlio César; nossos "hermanos" tomaram um chocolate adoçado com coca na "Evolândia"... além de terem rolado os shows do Radiohead e do Los Hermanos, talvez os maiores eventos do ano até aqui.

Então, galera, voltei... não sei se para ficar. Para a alegria geral da nação, não estou com muito tempo livre, por causa de alguns projetos paralelos (não falerei quais porque aqui não é um "Companheiro diário", catzo!).

Não obstante (essas expressões "cultas" são um porre, mas legais de usar), tentarei postar algumas besteiras que não mudarão a vida de ninguém por aqui, com periodicidade tão intensa quanto a declarações sensatas feitas por big brothers.

Hasta la vista, babe!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

25 DE JANEIRO - UMA ODISSÉIA SOBRE TRILHOS (PARTE II)

Fim da viagem (sobre trilhos). Estação "Interlagos". Após sair de lá, meio que por ato condicionado, me lembro de Drummond: "E agora, José?". Como eu iria fazer para chegar ao SESC? Como que por osmose, decidi ir sem rumo, seguindo o barulho... mas não poderia dar certo. Como todo forasteiro, decidi perguntar à primeira pessoa que visse pela frente (após ter falado com o bilheteiro da estação, com o guarda, com a tiazinha sentada na calçada e até mesmo com o poste - e não estava bêbado)... tive de andar um bom trecho até o ponto de ônibus (eu havia me perguntado pela vigésima oitava vez: "Onde fui parar?").
Após um tempinho no ponto de ônibus (dadas as circunstâncias, aquilo pareceu uma eternidade), o ônibus (ou "coração de mãe"?) chegou... Entrou a Fiel Torcida nele. Finalmente, o SESC. Por sorte, ainda havia ingressos para o show do ex-titã (vou fazer um mea-culpa por ter me esquecido disto: eram 17h10... para um concerto que começaria às 16h, somente UMA HORA E DEZ MINUTOS não foi muito tempo de atraso).
Para encurtar mais um pouco a história: ao chegar na região do palco, decidi ligar para os meus amigos... não precisaria ser nenhum Capitão Nascimento para deduzir que eles não ouviriam nada (quem iria colocar isso na cachola dum mano desesperado?! Nem Charles Xavier conseguiria tal feito). Como dois e dois são quatro, havia uma amostra da população chinesa ali. Procurar por eles seria como brincar de "Onde está Wally", versão Itu. Tentei desencanar e curtir o (resto do) show.
A tentativa não deu muito certo. Quando eu menos esperava, lá estava tentando fazer a "varredura", meio que por ato condicionado (um ato de idiotice incondicional, diga-se de passagem). Nota: o público parecia uma miscelânea: havia uma galera dentro do típico perfil USP (estilo hipponga, vibe despretensiosa, que curte um papo cabeça - e de mandar outras coisas para a cabeça também); outros, que não queriam passar o feriado em casa... além da galera das piscinas dali.
Enquanto rolava a sessão "sucessos da rádio" no show, eu me perguntava se havia mais pessoas na mesma situação que eu... era humanamente impossível haver mais um "mané" do meu calibre naquelas bandas. De repente, surge uma luz no fim do túnel... ou melhor: uma ligação no celular. Ao melhor estilo Joseph Klimber, a chamada parou no terceiro toque, suponho. Tentei retornar, óbvio, mas não era ninguém que eu conhecesse. Só consegui ouvir "Não estou ouvindo nada" (por que será?) e "Quem está falando?". Desencanei e desliguei a ligação... apost0 que maldisseram umas cinco gerações da minha família naquele instante.
"Luz dos olhos brilham ao te ver...". O que me restava era viajar no show... está na Argentina, grite "É penta!"... não havia muito a fazer. "Luz dos olhos", por sinal, é a minha música favorita do Nando Reis. Pouco tempo (umas duas músicas) depois, o show já era... debandada geral. Reação óbvia: procurar por algum ponto de intersecção para tentar vê-los. Enquanto isso, fui fazer uma ligação para desculpar-me pelo "trote"... desculpas aceitas, pensei em puxar papo, mas não tinha créditos - e nem "cabeça" - para fazê-lo.
Como num passe de mágica, o contato com meus amigos foi restabelecido. Após (conseguir a façanha de) encontrá-los, ouço a seguinte brincadeira: "Amauri, por isso que você não nos encontrou... você está sem os óculos.". Consta também que a galera estava, praticamente, nas primeiras filas... y yo, obviamente, no fundão... quase passando mal e, por pouco, não entrando na brisa por osmose.
Epílogo: vale citar que, na volta, por causa da chuva, o Rio Pinheiros mandou uma lembrança odorífica de sua existência... e esta história irá sair em definitivo dos trilhos.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

25 DE JANEIRO - UMA ODISSÉIA SOBRE TRILHOS (PARTE I)

Começo de tarde de domingo. Domingo de feriado, diga-se de passagem. Tento combinar com os meus amigos para fazer algo - algo meio cult, de preferência... ou o que aparecesse. Repentinamente, ao falar com uma amiga minha, sou "chamado" para ir ao show do Nando Reis. Nada demais, se não fosse o local: Interlagos. Para quem mora em Guarulhos e não tem carro (ou seja, pedestre full-time e 'tatu' confesso), é como tentar percorrer o trajeto da Muralha da China na íntegra. Mesmo assim, acho o som do cara muito bom... e isso pesou em minha decisão. Topei, apesar de ter titubeado por uns dois segundos. Detalhe: o concerto começaria às 16h.

Aparentemente, uma tarefa fácil até, levando-se em conta que encontraria meus amigos no local. Doce ilusão (agora me lembrei de uma música 'homônima' a esta expressão, da banda indie Banzé!)... mas, contudo, todavia (vou parar por aqui...), tudo saiu exatamente como eu não havia planejado... lhes pouparei dos fatos um tanto pitorescos que me levaram a "desplanejar" tudo... fato: 14h30 no ponto de ônibus, para pegar a primeira "sardinha" com rumo a qualquer metrô. Eu tinha praticamente uma hora e meia para "operar o 'milagre de Interlagos'"... nem precisaria ser alguém com o cérebro de Stephen Hawking ou de Glauber Rocha para deduzir que essa era uma tarefa impossível.

Encurtando um pouco a história: cheguei à Penha por volta das 15h20; e na Barra Funda, para tomar o trem às 15h55...

Durante o trajeto, algumas coisas me chamaram a atenção: o comércio (para refrescar a viagem, vai um refri ou uma cerva quente?... ou um amendoim?)... e, infelizmente, uma mulher "descendo a raquete" na sua filha, de dois anos... não sou pedagogo e nem tenho maturidade para ser pai, mas há limites... e isso tudo foi até Presidente Altino, onde eu teria de fazer a baldeação para tomar outro trem... até Interlagos (ufa!).

Depois de algum tempo de espera, lá estava no "trem espanhol". Seria a deixa perfeita para ler o jornal... como se não bastasse o fato de quase todas as notícias serem sobre Obama, crise econômica, anivarsário de São Paulo e o peso do Ronaldo, a trilha sonora estava "supimpa": havia uma galera ouvindo uma espécie de Calypso cover. Ainda tentei ler algumas crônicas de um escritor italiano sobre a construção de Brasília, mas não rolou (não pelo texto, que era ótimo, mas pela vibe do local). Decidi observar o horizonte: de um lado, a suntuosidade dos edifícios da região da Berrini; do outro, a Marginal Pinheiros.

Algumas estações adiante, a Marginal Pinheiros continuava sendo a companhia insólita e improvável de muitos passageiros daquele trem (inclusive a minha, confesso). Continuam as incongruências: os prédios de Pinheiros e o rio que deu nome à via marginal continual a formar um "ying yang" assimbiótico... além disso, o Shopping Cidade Jardim, a Meca do mundinho blasée "crasse A" - e os prédios anexos da high (?) society - em parceria improvável com casas de alvenaria de baixa renda, davam tapas na cara da galera que fechava os olhos a tantas disparidades sociais... e isso tudo em São Paulo, outrora a terra das oportunidades.

Adeus, Marginal Pinheiros. Antes disso, ao olhar para lá (cada um tem o Rio Negro que merece), comecei a ponderar que anos de "desenvolvimento" desenfreado levaram a tudo aquilo... nem a tal ponte estaiada tem moral para "limpar a barra" dali. Ao prosseguir viagem, tive a sensação de ter passado por um arco que me conduziu a outra realidade, completamente oposta à da Berrini, Vila Olímpia etc... mundo periférico, aí vou eu. Como destaque, cito um trecho do Autódromo de Interlagos, visível do trem... acho que era a Curva da Junção (por que não mudar seu nome para "Curva Timo Glock"?).

16h50. Fim da linha... e a história, apesar de ter saído dos trilhos, continuará daqui... aguardem.

domingo, 18 de janeiro de 2009

OS DENTES DA CULTURA

Há uma regra social implícita, mas divulgada incessantemente por quase todas as pessoas que conhecemos (a começar pelas nossas mães, é claro), que consiste, resumidamente, no "cuide bem para não perder"... e esse "cuidado" se extende aos dentes.

Pois bem, na última semana tive de ir ao front: ou melhor, ao consultório do dentista. Após um longo inverno, lá estava eu, para fazer o check-up e, pelo menos era o que eu temia, ouvir aquele barulho clássico do motorzinho... por causa desse aparelho, aparentemente inofensivo, faz com que muito "pai de família" chame (literalmente) pela mãe, não dormi por, pelo menos, umas duas noites; contudo, não poderia voltar atrás.

Após algum tempo, fui dar uma olhada nas revistas para leitura dos pacientes em espera... "Caras" [por que em pelo menos 90% dos consultórios há, ao menos, um exemplar desta revista? E em que o conteúdo (?) dela irá mudar a minha vida? Acho que só há mais exemplares dela em salões de cabeleireiros...], "Veja" [essa é insuperável... suas reportagens (?) são tão tendenciosas, mas tão tendenciosas, que os militares de outrosa se sentiriam orgulhosos dela]... desde que me entendo por gente, há sempre dessas revistas em consultórios, além de seus genéricos, similares etc. Algumas coisas nunca mudam.

Outra coisa "crássica" de consultório odontológico: emissoras de rádio voltadas ao flash back anos 70, 80 e 90 (essas emissoras, por sinal, são chamadas por alguns de "rádios de consultório odontológico"... por que será? E eu ainda achava que a trilha sonora perfeita para a extração do pré-molar direito fosse "Perdendo dentes", do Pato Fu...).

Convenhamos, é 1 milhão de vezes nelhor ouvir New Order, The Cure, Sade (é preferível ouvi-la em outro lugar e em ocasião completamente diferente, se é que você me entende), Djavan, Chico Buarque (até em fila de banco qualquer música do Chico vai bem), Elton John, Marvin Gaye e toda a galera da Motown do que aquele barulho irritante e agoniante do "motorzinho", além de fugir do "gosto médio" imposto pelas rádios para adolescentes. Não contarei o tratamento pelo qual passei pois este pseudo-blog não é adepto da cultura do "Camarada diário".

Falando em Elton John, ontem rolou o show do cantor britânico... não o acompanhei com veemência, mas achei os trechos do espetáculo que vi animados até... esperava um pouco mais, confesso. Os comentários sobre o concerto são animadores: o show foi ótimo, animado pacas... Até James Blunt, intépretete da nova geração e autor de músicas-chiclete do naipe de "You are beautiful" e de temas de novelas das 8 (o que dá no mesmo), mandou bem em seu show.