domingo, 19 de abril de 2009

REPETIÇÃO (DES) NECESSÁRIA

Quem nunca ouviu pessoas dizerem ao sete ventos frases como "hemorragia para cima", "subir para cima", "entrar para dentro", "defunto falecido" / "morte morrida", "anexar junto" ou, até mesmo, "político corrupto"? Pois bem, deixe-me apresentá-los a vocês... "Meus amigos e minhas amigas", é com imenso (des)prazer que lhes apresento os (nada) ilustres PLEONASMOS. Mas que cazzo são esses tais pleo... o que mesmo?

Os pleonasmos são repetições desnecessárias de determinados termos, cometidos graças ao objetivo de enfatizar a ideia principal do que é dito... enfim, são vícios de linguagem. E, por mais constrangedor que pareça, todos nós já o fizemos, mesmo que na quimera da primeira fase de nossa (velha) infância.

Pelo menos um de nós, nem que tenha sido por somente uma centena de vezes, já pôde ver (e ouvir) a mãe de algum amigo, ao chamá-lo de volta para casa após a partida de futebol na rua, dizer "Amauri Alfredo, entre para dentro!!". Pois bem, há como "entrar para fora"? Ou, quiçá, "entrar para outra dimensão"?. Talvez um simples "Entre, palerma!" já resolveria tudo.

Quem nunca ouviu no ônibus, ao menos uma vez a cada cinco minutos, alguém soltar pérolas como "O engarrafamento não vai 'estar deixando' o busão subir para cima". Companheiros e companheiras, ponderemos... Hemorragia deriva da palavra hemo (peço desculpas pelo "Momento Pasquale"), que significa sangue; logo, hemorragia tem de ser de sangue... não me recordo de ter ouvido falar sobre uma "hemorragia de urina", por exemplo. Já no que diz respeito a subir para cima, me recuso a comentar sobre. Por essas e outras que apelo para o mp3 do meu celular... e não me venha com a manjada história de que "é melhor ouvir isso do que ser surdo".

Um dia, ao passar em frente a um boteco onde tocava um pagodão "mela-cueca" (outro pleonasmo, pois todo pagode é "mela-cueca"... e pagode não é Samba), decidi prestar atenção na letra, talvez por algum impulso esquizofrênico. Enfim, apesar de ter perdido meu precioso (?) tempo, pude garantir algumas risadas, especialmente ao ouvir o trecho "(...) vou me refazer de novo (...)". Agora, pensemos com nossos botões (aqueles de futebol de botão também servem): peço desculpas pelo "Momento Pasquale II", mas é inevitável... o prefixo "re" remete à ideia de repetição, logo, o "de novo", nesse caso, foi redundante e desnecesário. Podemos entender que o "mano" dessa música é um cara em "metamorfose ambulante", é um camaleão (e vai ter de comer muito "arroz e feijão" para pensar em ser como David Bowie, o "Camaleão" do mundo da música); ou então é uma pessoa sem personalidade definida (estaria ele sujeito a mudar para o "lado rosa da força"? Que coisa... ).


Há pleonasmos também no mundo da bola. Ir ao estádio e não gritar "Juiz ladrão" é um baita lugar-comum, e também é como ir a Paris e não visitar a Torre Eiffel ou, quiçá, ir à Bolívia e levar seis "punhaladas no peito" (se você for argentino, é claro)... Se o árbitro cometer uma falha homérica, daquelas de terem de algemá-lo e levá-lo de camburão ao DP mais próximo do estádio , chamar o elemento de "juiz ladrão" é pleonasmo, pois o cidadão (juiz) é um ladrão por excelência... especialmente se o "crime" for cometido contra o seu time, ou se você se chamar Emerson Leão, quiçá Vanderlei Luxemburgo.

Há também frases que, de tão corriqueiras, são tão redundantes e chegam a ser (por que não?) pleonasmos... Um dia, ao parar em frente à banca de jornal, fui dar uma olhada no tablóide esportivo e me deparei com a seguinte manchete: "Edmundo perde pênalti e Palmeiras é eliminado". Bueno, não é segredo para ninguém que o "Animal" não costuma ter aproveitamento satisfatório em penalidades; ou seja, ele sempre as erra, tal qual Roberto Baggio em 1994. Então, meus caros, dizer que o "Edmundo perdeu um pênalti" é um pleonasmo também... e a gratidão do meu time ao Edmundo se deve em proporções, digamos, mundiais.

E agora chegou o momento "cereja no bolo (de 'cagadas')"... com vocês, o supra-sumo dos pleonasmos: a política. Infelizmente, graças a "heranças" deixadas por administradores da época do Brasil-colônia e por coronéis da era "café-com-leite" de nossa História (de "absurdos gloriosos") aos militares e aos parlamentares de nossos tempos, o ato de "apossar-se" de verbas públicas como se fosse propriedade particular (para pagar a empregada ou, até mesmo, ir a "Bradescos" da vida com o objetivo de fechar "acordos comerciais") está visceralmente arraigado à nossa política; logo, a corrupção rola solta. Com isso, galera, dizer que políticos são corruptos é um pleonasmo, pois a condição preexistente para seguir a carreira parlamentar é apelar para o "jeitinho brasileiro". Até atrevo-me a dizer que o nível de periculosidade de nossa ilustre (?) capital é o mesmo de Presidente Bernardes... e dói pensar que a (atividade) política é reflexo da sociedade em que vivemos, mas essa é outra história.

Enfim, basta tomarmos cuidado para não entrarmos para o famigerado grupo dos "peonasnos".

sábado, 4 de abril de 2009

VERGONHA HABILITADA

FONTE: Blog do Capelli

Um dos signos de crescimento (ou melhor, amadurecimento; quiçá prova cabal de que alguém virou adulto) é obter a Carteira Nacional de Habilitação, vulga "CNH" ou "carta", para os mais chegados.

Pois é, hermanos, eu já a obtive, mas de maneira um tanto condenável, questionável, vergonhosa etc... as circunstâncias foram, se não cômicas, trágicas (não necessariamente nessa ordem), talvez com ambos os matizes.

Façamos uma viagem no tempo. Tudo começou em dezembro de 2007. Depois de ter ouvido inúmeras vezes dos meus pais "Júnior, não está na hora de 'tirar a carta'?" e de ter juntado uma "moeda" para fazê-lo, tomei coragem e fui à luta. De cara, a possibilidade de abandonar a vida de pedestre, de "sardinha" de ônibus e de metrô e, até mesmo, de loser me tentaram (afinal de contas, somente vencedores têm um carro, correto?) ... todavia, não queria contribuir para a manutenção de engarrafamentos faraônicos, além de fazer a minha pequena parte para a Camada de Ozônio continuar sendo metralhada.

Pois bem, o primeiro obstáculo foi o teste psicotécnico, vulgo "teste do sorvete na testa para adultos". Por mais bizarro que pareça, temia ser reprovado nessa fase, por motivos "neuro-insanos"... consegui passar com um pé nas costas, por alguma "cagada" do destino e, consequentemente, estava habilitado para encarar o CFC.

As aulas do CFC foram tranquilas, sem sustos, vertigens, vômitos etc (não assisti ao "crássico" vídeo de acidentes de trânsito ao melhor estilo "Jogos mortais")... vale citar as "amizades de infância" estabelecidas nessa fase... por algum motivo que nem Freud explicaria, elas ficaram nas carteiras da sala de aula da "escolinha de futuros barbeiros".

Agora, meus caros, apertem os cintos e rezem para São Cristóvao (patrono dos motoristas, barbeiros e braços-duros em geral) porque assumi a direção do carro: nas aulas de direção percebi que o gene dos "mestres do volante" estava em falta no meu DNA. Depois de dar muito tranco (e quase fundir o motor do carro), estava no estágio minimamente aceitável para dizer "Consigo dirigir em primeira". A prova de fogo estava chegando e, com ela, minhas unhas e minha calma iam embora - de metrô.

Chegou o grande dia (uma quinta-feira): a avaliação da baliza, da ladeira, da "fina" tirada de outro carro... enfim, a prova. Tal qual um vestibulando no dia da FUVEST, lá estava eu esperando a minha vez para assumir a direção. Banco e retrovisores ajustados, motor ligado e a 1ª marcha acionada. Não tinha mais como fugir e pedir asilo moral para d. Maria, também conhecida como "Mãe". A prova estava indo bem. Apesar de ter sido jogado aos tubarões - ou melhor, no trânsito -, estava me saindo bem... até chegar na temida "ladeira do motor apagado". Nem precisarei entrar em detalhes sobre o ocorrido. Por algum impulso de "perfeccionismo doentio", entrei momentaneamente em parafusos e me esqueci da "taxa" paga anteriormente. Ah!, a taxa... não queria pagá-la mas, por falta de capacidade de condução, tive de fazê-lo.

Eu até me atrevo a dividir a avaliação nos momentos "AL" (antes da Ladeira) e "DL" (depois da Ladeira). Não conseguia fazer nada direito, inconformado por ter deixado o carro "apagar" pouco antes. Tal qual Ukyo Katayama, estava me saindo um legítimo barbeiro e, após ter feito uma conversão de maneira um tanto insegura, ouvi do examinador "Pare o carro. Você não vai sequer fazer a baliza, por ter sido REPROVADO".

Aquelas palavras atravessaram o meu cérebro como uma bala de AR-15... não conseguia pensar, tampouco argumentar. Após conter o choro quase inevitável, a ressaca moral estava braba... nem um Engov "supersize" salvaria a pátria. Depois de algum tempo, com a cabeça devidamente (re)colocada no lugar, entrei em contato com a Auto Escola. Aleguei que, mesmo se eu tivesse atropelado um vira-lata, uma "velhinha" de bengala ou ter feito "strike" com a galera do futebol da rua, era para eu ter sido aprovado - pelo simples fato de ter pagado a "taxa dos incapazes".

Incrivelmente, alguns dias depois, o insólito aconteceu: recebi uma ligação da Auto Escola na qual fui avisado de que havia sido aprovado... Só me restava cantar "I can't believe the news today...".

O mundo realmente dá voltas (sem carro): de barbeiro incorrigível a motorista legalizado. Seguramente, Quevedo diria que "isso non ecziste!". Atualmente, continuo sendo um pedestre loser... coincidência (ou não), os postes da minha "quebrada" nunca mais foram os mesmos.

Vou guardar o carro na garagem. Da próxima vez, alguuém quer ir de carona comigo?

DE VOLTA À VIDA (DIGITAL)

Após um longo inverno (ou melhor, verão com ingredientes escaldantes precedido pelo outono ainda descaracterizado), estou de volta ao meu "espaço" digital... para desespero, revolta e tristeza de muitos.

De lá para cá, muita água (não somente a de março) rolou: o carnaval, é claro, fez todo mundo esquecer da vida (e, o que já é um lugar-comum, o ano só começou após o período de esbórnia); alguns executivos da AIG levaram uma "bolada" de respeito, com a qual muita gente seria salva em Darfur; o "ferro-velho" da Honda tornou-se uma equipe (aparentemente) vencedora (e Sir Hamilton, Pinóquio); a "Seleção" anda não muito bem das pernas (de pau dos "digníssimos" atletas), mas está em boas mãos de Júlio César; nossos "hermanos" tomaram um chocolate adoçado com coca na "Evolândia"... além de terem rolado os shows do Radiohead e do Los Hermanos, talvez os maiores eventos do ano até aqui.

Então, galera, voltei... não sei se para ficar. Para a alegria geral da nação, não estou com muito tempo livre, por causa de alguns projetos paralelos (não falerei quais porque aqui não é um "Companheiro diário", catzo!).

Não obstante (essas expressões "cultas" são um porre, mas legais de usar), tentarei postar algumas besteiras que não mudarão a vida de ninguém por aqui, com periodicidade tão intensa quanto a declarações sensatas feitas por big brothers.

Hasta la vista, babe!