sábado, 4 de abril de 2009

VERGONHA HABILITADA

FONTE: Blog do Capelli

Um dos signos de crescimento (ou melhor, amadurecimento; quiçá prova cabal de que alguém virou adulto) é obter a Carteira Nacional de Habilitação, vulga "CNH" ou "carta", para os mais chegados.

Pois é, hermanos, eu já a obtive, mas de maneira um tanto condenável, questionável, vergonhosa etc... as circunstâncias foram, se não cômicas, trágicas (não necessariamente nessa ordem), talvez com ambos os matizes.

Façamos uma viagem no tempo. Tudo começou em dezembro de 2007. Depois de ter ouvido inúmeras vezes dos meus pais "Júnior, não está na hora de 'tirar a carta'?" e de ter juntado uma "moeda" para fazê-lo, tomei coragem e fui à luta. De cara, a possibilidade de abandonar a vida de pedestre, de "sardinha" de ônibus e de metrô e, até mesmo, de loser me tentaram (afinal de contas, somente vencedores têm um carro, correto?) ... todavia, não queria contribuir para a manutenção de engarrafamentos faraônicos, além de fazer a minha pequena parte para a Camada de Ozônio continuar sendo metralhada.

Pois bem, o primeiro obstáculo foi o teste psicotécnico, vulgo "teste do sorvete na testa para adultos". Por mais bizarro que pareça, temia ser reprovado nessa fase, por motivos "neuro-insanos"... consegui passar com um pé nas costas, por alguma "cagada" do destino e, consequentemente, estava habilitado para encarar o CFC.

As aulas do CFC foram tranquilas, sem sustos, vertigens, vômitos etc (não assisti ao "crássico" vídeo de acidentes de trânsito ao melhor estilo "Jogos mortais")... vale citar as "amizades de infância" estabelecidas nessa fase... por algum motivo que nem Freud explicaria, elas ficaram nas carteiras da sala de aula da "escolinha de futuros barbeiros".

Agora, meus caros, apertem os cintos e rezem para São Cristóvao (patrono dos motoristas, barbeiros e braços-duros em geral) porque assumi a direção do carro: nas aulas de direção percebi que o gene dos "mestres do volante" estava em falta no meu DNA. Depois de dar muito tranco (e quase fundir o motor do carro), estava no estágio minimamente aceitável para dizer "Consigo dirigir em primeira". A prova de fogo estava chegando e, com ela, minhas unhas e minha calma iam embora - de metrô.

Chegou o grande dia (uma quinta-feira): a avaliação da baliza, da ladeira, da "fina" tirada de outro carro... enfim, a prova. Tal qual um vestibulando no dia da FUVEST, lá estava eu esperando a minha vez para assumir a direção. Banco e retrovisores ajustados, motor ligado e a 1ª marcha acionada. Não tinha mais como fugir e pedir asilo moral para d. Maria, também conhecida como "Mãe". A prova estava indo bem. Apesar de ter sido jogado aos tubarões - ou melhor, no trânsito -, estava me saindo bem... até chegar na temida "ladeira do motor apagado". Nem precisarei entrar em detalhes sobre o ocorrido. Por algum impulso de "perfeccionismo doentio", entrei momentaneamente em parafusos e me esqueci da "taxa" paga anteriormente. Ah!, a taxa... não queria pagá-la mas, por falta de capacidade de condução, tive de fazê-lo.

Eu até me atrevo a dividir a avaliação nos momentos "AL" (antes da Ladeira) e "DL" (depois da Ladeira). Não conseguia fazer nada direito, inconformado por ter deixado o carro "apagar" pouco antes. Tal qual Ukyo Katayama, estava me saindo um legítimo barbeiro e, após ter feito uma conversão de maneira um tanto insegura, ouvi do examinador "Pare o carro. Você não vai sequer fazer a baliza, por ter sido REPROVADO".

Aquelas palavras atravessaram o meu cérebro como uma bala de AR-15... não conseguia pensar, tampouco argumentar. Após conter o choro quase inevitável, a ressaca moral estava braba... nem um Engov "supersize" salvaria a pátria. Depois de algum tempo, com a cabeça devidamente (re)colocada no lugar, entrei em contato com a Auto Escola. Aleguei que, mesmo se eu tivesse atropelado um vira-lata, uma "velhinha" de bengala ou ter feito "strike" com a galera do futebol da rua, era para eu ter sido aprovado - pelo simples fato de ter pagado a "taxa dos incapazes".

Incrivelmente, alguns dias depois, o insólito aconteceu: recebi uma ligação da Auto Escola na qual fui avisado de que havia sido aprovado... Só me restava cantar "I can't believe the news today...".

O mundo realmente dá voltas (sem carro): de barbeiro incorrigível a motorista legalizado. Seguramente, Quevedo diria que "isso non ecziste!". Atualmente, continuo sendo um pedestre loser... coincidência (ou não), os postes da minha "quebrada" nunca mais foram os mesmos.

Vou guardar o carro na garagem. Da próxima vez, alguuém quer ir de carona comigo?

Um comentário:

Marilaine disse...

Quantas emoções!! rsrs

Pensando bem, sobre a carona, vamos deixá-la para daqui uns ... 10 anos. kkk

Bjos