sábado, 3 de outubro de 2009

VIDA ARBRITÁRIA (PARTE I)


São Tomé do Vale. Cidade (ou melhor, megalópole) conhecida por ser o coração financeiro e, também, cultural de um país chamado Brasiliópolis. Vale citar também que São Tomé do Vale é marcada pela gritante desigualdade social e, também, pela diversidade cultural (ao dobrar a esquina, literalmente, você sai de um pub "regado" a Bajofondo, The Gotan Project e a Orishas e está num botequim (ao melhor estilo "risca-faca"), no qual a trilha sonora é Calypso).

Pois bem, sou mais um habitante de São Tomé do Vale (ou mais uma gota d'água no meio da garoa, como preferir)... daqui a algumas horas, não o serei mais (vocês entenderão o porquê, após eu contar, resumidamente, o que me jogou no "olho do furacão").


Voltemos ao (não tão) longíquo ano de 2009. Eu ainda era um rapaz no auge dos meus vinte e poucos anos... estudante de Jornalismo, daqueles que "trabalham para pagar o curso " e que "sonhavam em mudar o mundo" (por uma porrada de disparidades e mazelas sociais em geral, as universidades públicas são dominadas pelos alunos oriundos das melhores escolas (privadas, é bom que se diga); logo, não precisa ser muito esperto para deduzir que os alunos vindos das escolas públicas (leiam-se "pobres") eram relegados às universidades privadas (isso quando conseguiam ingressar no mundo acadêmico... Brasiliópolis sempre foi marcada por essas contradições - que ajudam a conservar os indicadores de desigualdade social, diga-se de passagem). Para não perder muito o foco, contarei a primeira das medidas um tanto arbitrárias que desencadearam na ditadura de hoje: a lei de proibição contra o fumo em locais fechados.


Em princípio, eu havia agido indiferentemente em relação à ela (nunca fumei... basicamente, por nunca ter gostado de tabaco - e pelos conhecidos males causados pelo cigarro -, além de sempre ter questionado como as empresas tagistas conseguiam lucrar com a "desgraça" alheia); contudo, sentia-me incomodado por um pequeno (ou melhor, grande) detalhe: o livre-arbítrio passou a ser chutado para escanteio. Além disso, apesar de essa ser uma questão de relativa importância, havia problemas muito mais graves (falta de médicos em hospitais, segurança e educação, somente para citar alguns) que foram jogados para baixo do tapete. Reconheço que não gostava de sair de festas "cheirando a" nicotina, mas todos têm direito de escolha. Certo? Para os governantes de São Tomé do Vale, Joel Kassetes e João Machado, a resposta está (categoricamente) errada.


Como diria o poeta, "é aí onde está o busílis"... A partir do momento em que uma pessoa perde o direito de escolha (como diriam os pseudo-intelectuais de quinta categoria, o potencial cognitivo do indivíduo). Para endossar a campanha, personalidades, artistas e pseudo-celebridades de reallity shows participaram da campanha (a proporção atingida pelo coeficiente influência versus impacto causada pelo apelo a personalidades é notório)... A partir daí, meus caros, precedentes para decisões perigosas foram abertos... Não foram raros os casos em que pais denunciavam filhos "transgressores" às autoridades (e vice-versa); e o mesmo ocorreu entre (até então) amigos, com relativa frequência. Ah!, e isso sem contar o agravante de que uma lei arbrtitária "abre as portas" para outra(s).


(Continua)

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