Na última quinta-feira, 25, o mundo da música (pop) perdeu um de seus maiores expoentes, se não o maior: Michael Jackson. Para poupar-lhe de toda a repercussão que o óbito (digno de rei (...)) teve, não irei apelar para o “mais do mesmo”, ao contrário do que ocorreu em toda a (grande) mídia... e, além de alguns fatos inusitados que ocorreram mundo afora, tentarei escrever sobre o “moonwalk” midiático.
Claro que seria imaginável o impacto da morte do astro pop ao redor do mundo, mas alguns fatos são dignos de serem (exaustivamente) comentados, isso é que não falam por si: presidiários tailandeses (isso mesmo, meu caro, presidiários tailandeses) tentaram realizar a dança eternizada no videoclipe de “Thriller”; Hugo Chávez, presidente venezuelano, disse estar triste pelo final (melancólico) do astro, mas reclamou da ampla cobertura do caso no canal de notícias CNN (segundo o próprio, “isso é o Capitalismo”); Mário Moraes, piloto brasileiro na Fórmula Indy, participou da última etapa (se não me engano, em Richmond) com luvas prateadas... e Barrica prometeu que, se subir ao pódio na próxima etapa do mundial de F1, fará o “Moonwalk” no lugar da já patenteada “sambadinha” (será engraçado).
Agora, queria ponderar sobre alguns pontos, digamos, chatos: antes de sua morte, Michael Jackson era considerado pela opinião pública (que é bem diferente de opinião, de fato, da sociedade) como pedófilo, mesmo inocentado pela justiça norte-americana; em virtude de seus gostos excêntricos (que custaram parte considerável de seu patrimônio astronômico), era tido como “louco”, senseless e afins... e, hoje, é tão-somente uma criança crescida, tentando reaver sua infância cerceada. Não obstante, pouco fala-se sobre os direitos comerciais que detinha sobre as músicas dos Beatles, obtidos de maneira, digamos, escusa (até hoje Paul McCartney sente as dores causadas por essa rasteira dada durante alguns passos do “Rei do Pop”). Será somente volatilidade de pontos-de-vista ou formação de juízo (de valor) condicionada à opinião pública? Tirem suas conclusões.
Como diria a poetisa, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”... e, seguramente, Michael Jackson as sabia, como poucos. Tanto que chegou a confidenciar a Lisa Marie Presley (ex-esposa do cara e filha do “homem”) que temia morrer da mesma maneira que Elvis (vitimado por um ataque cardíaco). Apesar de seu desejo (ou medo, de acordo com o seu ponto de vista), não houve muita diferença entre ambos os óbitos. Com certeza o mundo ainda verá intensas (e sangrentas) batalhas judiciais pela guarda dos filhos (?) e pelas migalhas que ainda restam (inclusive em Neverland)... triste epílogo para quem teve alguns dos capítulos mais alegres do século XX, intercalados numa história tão inverossímil quanto as contadas por Machado de Assis.
Tentemos não nos ater aos seus erros e deslizes, tampouco aos seus problemas e ao seu complexo de Peter Pan... nos recordemos de Michael Jackson tal qual ele foi (e será), musicalmente falando.