sábado, 22 de novembro de 2008

Vestibular (que não é o) da vida

Amanhã, 23, será realizada a primeira fase da Fuvest, vestibular que define vagas para estudantes na USP (Universidade de São Paulo), uma das maiores universidades do Brasil. Neste ano, mais de 138 mil pessoas participarão da prova.

Como muitos sabem, uma porrada de pessoas passam o ano inteiro estudando em cursinhos pré-vestibulares e, à medida em que a data do "facão" se aproxima, vêm de brinde a apreensão, a angústia, o medo e o desespero - enfim, tudo o que atrapalha emocionalmente o candidato. Num efeito "bola de neve dos infernos", surgem também fórmulas (supostamente) milagrosas para se dar bem no vestibular e que, em sua maioria, fazem tudo menos ajudar à pessoa.

Muitos professores de cursinho dizem que o que o "mano" teve de aprender foi assimilado com o decorrer da época preparatória e, obviamente, os dias próximos são para "esfriar a cabeça": passar boa parte do tempo com os familiares ou com a mulher, sair para respirar (ar puro em Sampa é difícil, mas não custa nada tentar), ouvir Los Hermanos (ou alguma música que te deixe tranquilo)... todavia, não é raro ver pessoas visivelmente ansiosas tentando decorar fórmulas de Física minutos antes da prova.

Agora, por que tanta gente se sente pressionada para passar no vestibular? Em primeiro lugar, a associação entre ser bem-sucedido no vestibular e na vida é intrínseca e, como resultado de uma equação de Baskhara, a pressão exercida por (alguns) professores, pais e, até mesmo, amigos contribuem para que o candidato sinta-se na "obrigação" moral (?) de ser aprovado... e a depressão, oriunda das sensações de impotência e de (pasmem) incompetência, é a cereja nesse bolo de massacre mental (confesso que estive à beira de tal quando passei por essa fase mas, no meu caso, eu mesmo me obrigava a ser aprovado - de cara... sorte que consegui ficar desencanado a tempo).

Como se isso não bastasse, há um brinde na parceria pressão-aprovação: a obrigatoriedade de definir "o que você quer ser na vida, meu filho!". Essa parte é um pouco mais complicada pois, além de forçar a pessoa (o jovem) a decidir qual o caminho a ser seguido, profissionalmente falando, induz (ou condiciona mesmo) a essa pessoa a tomar uma decisão equivocada. É extremamente interessante que o guri já tenha em mente o que fazer em sua vida pero (ô portunholzinho de m...!) forçá-lo a se decidir antecipadamente acaba sendo um tanto temerário. Alguns indivíduos já o fazem antes mesmo dessa fase, contudo, como diz o senso comum, há pessoas e há pessoas... outros demoram a escolher por uma série de fatores: insegurança e a incerteza - ligada à anterior - estão, na maioria dos casos, conectadas a essa demora. Há o "complexo do hippie" (sem desmerecer à classe), no qual a pessoa não importa-se com o futuro... aí, para lidar com essa parte é mais complicada (um testezinho vocacional e uma conversa mais veemente ajudariam).

Ou seja, a escolha de um curso (lê-se profissão) não é algo tão simples como trocar de camiseta: é uma decisão que decidirá o futuro de uma vida. Essa não é uma verdade absoluta (até porque nenha verdade é inquestionável) mas uma maneira viável de fazê-la é vivendo... as experiências que alguém tem em sua vida serão muito importantes para a formação do caráter do "mano"... e para a definição de sua diretriz profissional.

Como diria John Lennon, let it be (deixe rolar...).

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