quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mundo em preto e branco

Recentemente, o Seade/Dieese, instituto voltado a pesquisas socioeconômicas, divulgou estudo no qual pôde-se observar que, em média, a renda de uma pessoa negra é metade da renda de uma pessoa não-negra. Nela, aspectos como o grau de escolaridade e, até mesmo (pasmem!), questões hierárquicas, foram abordados. Um dos tópicos mais, digamos, polêmicos desta pesquisa referiu-se ao fato de pessoas negras (afro e pardos) não conseguirem subir na pirâmide hierárquica em virtude, provavelmente, do preconceito.
Agora, uma pergunta: vivemos realmente em uma sociedade na qual, de acordo com a Constituição de 1988, todas as pessoas são iguais, independentemente de sexo, religião, etnia, condição social e (tema recorrente em dias atuais) opção sexual? Ou estamos num Estado no qual, como o escritor George Orwell retratou em "A revolução dos bichos", "uns são mais iguais do que outros"? Ou, ainda, vivemos sob os destroços do regime escravocrata que foi mais um capítulo da nossa história de "absurdos gloriosos"?
Muita coisa melhorou até hoje se considerarmos que, há algumas décadas, uma pessoa negra não poderia sequer sentar-se no mesmo branco no qual estava um "branco" (na terra dos Bush) e mulheres eram consideradas como propriedade de seus maridos em sociedades nitidamente patriarcais; isso sem contar a vergonhosa era hitleriana. Todavia, parece que o objetivo da luta de Martin Luther King continua a ser um "sonho" distante.
A levada deste "acidente literário" não é induzir ao (coitado do) leitor à polêmica barata, mas à reflexão sobre a nossa sociedade, em aspecto geral. Boa parte das pessoas que vivem em periferias vivem em periferias são negras... coincidência ou não, os ancestrais delas foram escravos. Ou seja, se há disparidades (socioeconômicas e culturais) entre negros e não-negros, esta é fruto de heranças históricas que não foram solucionadas. Falando em desigualdade social, aí vai um lembrete para aqueles que acham que os problemas da nossa sociedade são causados pelos "pobres": a partir do momento em que determinado grupo social é privado de direitos básicos a qualquer pessoa, "cagadas" e a existência diferenças sociais assombrosas são questão de tempo.
Mais pitacos: é, no mínimo, lamentável o fato de que alguns cientistas insanos tentaram usar argumentos (e, de quebra, "criaram" teorias) para tentar o absurdo de provar a inferioridade dos negros em relação aos brancos - recentemente, um vencedor de Prêmio Nobel tentou esta "proeza" -... e falácias desse tipo alimentam pseudo-ideologias que pregam a supremacia de uma determinada ração sobre outras ("viagens" como essa já serviram de argumento para a 2ª Guerra).
Para não correr o risco de ser (ainda mais) repetitivo, este conjunto de "brisas" será encerrado com uma frase de Bob Marley: "Enquanto a cor da pele for mais importante do que a cor da pele for mais importante do que a luz dos olhos haverá guerra". Pensem nisso, hermanos.

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