sábado, 1 de agosto de 2009

A MOLA DE BUDAPESTE

FONTE: Olé! (Espanha)

Começo da tarde ensolarada em Budapeste, capital húngara eternizada por Chico Buarque em seu livro homônimo. Para ser mais preciso, estava acontecendo o qualifying (treino qualificatório) para a décima etapa do Mundial de Fórmula 1. De repente, uma câmera capta a imagem de um carro vermelho "misturado" à barreira protetora de pneus; e, simultaneamente, pode-se ver um ponto mezzo azul, mezzo amarelo, no meio daquilo. Era a Ferrari do brasileiro Felipe Massa, após passar reto pela quarta curva do circuito de Hungaroring.

As imagens da câmera on board no carro do brasileiro mostravam evidências de um suposto erro (crasso), digno de quem só conseguiu a CNH após pagar a taxa (?) facilitadora... mesmo assim, as primeiras nuvens de preocupação começavam a chegar a Hungaroring, de carona com as ambulâncias designadas para o resgate de Massa.

Minutos depois, após as imagens do acidente terem sido exibidas à exaustão, pôde-se ver um "OVNI" indo em direção ao capacete do brasileiro (tratava-se de uma mola solta da Brawn GP do mal-fadado Rubens Barrichello). Foi inevitável não lembrar-se de Helmut Marko, que ficou cego após uma pedra ter atravessado a viseira de seu capacete; tampouco de Cristiano da Matta, que sobreviveu a um acidente ainda mais grave - um cervo atingiu em cheio o seu casco... Também foi impossível evitar as lembranças daquela manhã fatídica de 1º de maio de 1994 não viessem à memória de todos, especialmente dos brasileiros - será possível que essa mola seria representante daquele braço de suspensão que roubara a vida de Senna?

A estreia do espanhol Jaime Alguersuari, piloto mais jovem a pilotar um Fórmula 1, a troca de farpas pública entre Nelsinho Piquet e seu patrão, Flavio Briatore, a confusão na cronometragem e a pole de Fernando Alonso ficaram em segundo plano... Todas as atenções estavam voltadas para o helicóptero com destino ao Hospital Militar de Budapeste.

O circo da Fórmula 1 não vivi tal tensão desde os acidentes de Robert Kubica e de Heikki Kovalainen (2007 e 2008, respectivamente). O clima estava tenso ao ponto de Luca Colajanni, chefe de imprensa da equipe de Maranello, saiu na porrada com repórter que perguntara se Massa corria risco de morte - a cirurgia realizada no local onde ele foi atingido terminou bem sucedida. Barrichello, envolvido pelo destino no acidente, divulgara em sua página no Twitter que, instantes após o acidente, o piloto brasileiro estava consciente e gesticulando; e Dudu, irmão do "cara da Ferrari número 3", declarou que podia ouvir Felipe gritando aos médicos para que não o tocassem, que deixassem-o em paz e que ele estava bem. O fato era que a Ferrari só alinharia o carro de Kimi Räikkönen no domingo - segundo Mark Webber, piloto da Red Bull e vice-líder do campeonato, em vídeo gravado com mensagens de incentivo dos pilotos a Massa, que "uma única Ferrari no grid não faria sentido".

No domingo, ainda sedado - igual a Massa -, o mundo da Fórmula 1 viu o pit do carro número 3 vazio (somente os mecânicos com uma placa com a frase "Forza Felipe! Siamo con te" ("Força Felipe! Estamos contigo", em português)), a volta de Lewis Hamilton ao topo do pódio, a Brawn GP (leia-se Jenson Button) ver a liderança do campeonato ameaçada por Sebastian Vettel e por Webber, além da "suspensão"" por uma corrida imposta à Renault, por causa de uma roda solta no carro de Fernando Alonso.

Niki Lauda, ex-piloto tri-campeão (e que também sobreviveu a um grave acidente a bordo de uma Ferrari) , declarou que um tal de Michael Schumacher deveria substituir o lesionado Massa... mas ninguém imaginava que a aparente declaração abobalhada, digna de um jogador de Futebol, se tornaria realidade - a princípio, por uma corrida. Além disso, após muito blá-blá-blá, os médicos chegaram à conclusão de que Felipe não terá sequelas (físicas, ao menos)... pode ser que os brasileiros voltarão a vê-lo em ação já em 30 de agosto, no GP da Bélgica.

O que o destino irá reservar? Massa não será o mesmo piloto de outrora? Será que sua (até aqui) brilhante carreira será interrompida? Ou o veremos uma figura com um band-aid sobre os supercílio esquerdo no lugar mais alto do pódio na terra de Chico Buarque, Senna e de Calheiros? Só os deuses da velocidade poderão responder a essas perguntas.

Um comentário:

Jéssica Batista disse...

Massa já está novinho em folha. O bichinho é duro na queda!

Se cuida Amaurocas!